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Rússia ameaça atacar alvos do Reino Unido se a Ucrânia usar armas britânicas

De acordo com o Kremlin, as declarações de Cameron reconheceram que o país faz parte de fato do conflito, contradizendo uma garantia dada anteriormente de que armas de longo alcance fornecidas à Ucrânia não seriam utilizadas contra a Rússia

Publicado em: 06/05/2024 18:54 | Atualizado em: 06/05/2024 18:59

Alerta ocorre após declarações do ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron (foto: Adrian Dennis/AFP)
Alerta ocorre após declarações do ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron (foto: Adrian Dennis/AFP)

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia ameaçou nesta segunda-feira que as forças do país podem atacar qualquer instalação ou equipamento militar britânico em território ucraniano e além, se Kiev usar armas do Reino Unido contra alvos russos.

 

A chancelaria russa avançou em um comunicado ter convocado o embaixador britânico em Moscou, Nigel Casey, para alertá-lo para esta possibilidade, após as declarações do ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, na semana passada durante uma visita a capital ucraniana, sobre o seu direito de atacar território russo usando armas britânicas e que a decisão de o fazer ou não cabia apenas a Kiev.

 

"O embaixador britânico foi chamado para refletir sobre as inevitáveis consequências catastróficas de medidas hostis de Londres e refutar imediatamente as declarações beligerantes e provocativas do chefe da diplomacia, da forma mais decisiva e inequívoca", diz a nota.

 

De acordo com o Kremlin, as declarações de Cameron reconheceram que o país faz parte de fato do conflito, contradizendo uma garantia dada anteriormente de que armas de longo alcance fornecidas à Ucrânia não seriam utilizadas contra a Rússia. “As afirmações de David Cameron provocaram uma escalada direta do conflito", avaliou o governo russo.

 

 

Moscou faz alerta a OTAN

 

Além disso, a Rússia também advertiu que o envio de caças F-16 à Ucrânia será considerado uma provocação dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), esteja ou não capacitados para transportar armamento nuclear.

 

"Independentemente das alterações efetuadas aos aviões entregues, serão por nós considerados como portadores de armas nucleares e consideramos esse passo dos Estados Unidos e da OTAN como uma deliberada provocação", apontou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. A diplomacia russa acusa o bloco ocidental de procurar uma maior escalada da crise ucraniana até um confronto militar direto dos países da OTAN e Rússia com o objetivo de causar uma derrota estratégica a Moscou.

 

"Espera-se que surjam em breve no teatro de operações da Ucrânia aviões polivalentes F-16 de fabricação norte-americana. Não podemos ignorar o fato desses aviões pertencerem às plataformas de duplo equipamento: nuclear e não nuclear", diz o comunicado da chancelaria russa.

 

A coligação de países do Ocidente que se comprometeu em disponibilizar F-16 a Kiev inclui a Dinamarca, que se disponibilizou a enviar os primeiros aviões no verão do hemisfério norte, a Bélgica, Holanda e Noruega.

 

O Kremlin ainda tem condenado os planos do Ocidente sobre o aumento do apoio de armamento a Kiev e suas implicações nos combates na Ucrânia, que podem sugerir novas ameaças militares ocidentais dirigidas à Rússia. Moscou também afirma que o Ocidente apoia abertamente ações de sabotagem da Ucrânia em território russo, ao fornecer a Kiev mísseis de longo alcance do Reino Unido e da França e, os novos ATACMS norte-americanos, que podem alcançar território russo. O Kremlin também acusa os EUA de continuar com os seus planos de usar mísseis de curto e médio alcance em várias regiões do mundo, acrescentando que, quando esse armamento for efetivamente disponibilizado, responderá suspendendo a sua própria moratória sobre estes envios.

 

O Ministério das Relações Exteriores russo incluiu alertas hoje ao presidente francês, Emmanuel Macron, a respeito de um possível envio à Ucrânia de tropas da Aliança Atlântica e destacou ainda sobre a presença no terreno de combatentes da Legião Estrangeira francesa. Com este cenário, Moscou justificou a ordem do presidente russo, Vladimir Putin, às Forças Armadas sobre a realização "em breve" de manobras com armas nucleares táticas.

 

Por outro lado, o governo ucraniano apela e insiste há semanas da necessidade urgente de apressar o envio destes aviões diante dos contínuos ataques das forças russas contra infraestruturas civis e posições do seu exército.

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