Jogo Pokémon GO fez as pessoas se exercitarem, mas efeito durou pouco Estudo com 1.182 caçadores dos monstros virtuais mostra que, nas primeiras semanas do jogo, eles aumentam o nível de atividade física praticada, percorrendo em média 800 metros a mais por dia

Por: Paloma Oliveto - Correio Braziliense

Publicado em: 14/12/2016 08:59 Atualizado em: 14/12/2016 09:03

Logo o game despertou o interesse de pesquisadores da área de saúde. Afinal, em vez de sentados, os usuários precisam se movimentar bastante para conseguir passar de fase. Foto: Breno Fortes/CB (Logo o game despertou o interesse de pesquisadores da área de saúde. Afinal, em vez de sentados, os usuários precisam se movimentar bastante para conseguir passar de fase. Foto: Breno Fortes/CB)
Logo o game despertou o interesse de pesquisadores da área de saúde. Afinal, em vez de sentados, os usuários precisam se movimentar bastante para conseguir passar de fase. Foto: Breno Fortes/CB

Em julho passado, ruas, praças e parques do mundo todo foram invadidos por multidões que, grudadas nos celulares, andavam para lá e para cá atrás de monstrinhos virtuais. Um mês depois, o Pokémon GO chegou ao Brasil e provocou um fenômeno semelhante. Crianças, jovens e adultos acostumados a jogar solitários e entre quatro paredes passaram a caçar os personagens ao ar livre ou em pontos comerciais, geralmente acompanhados por muita gente. Logo o game despertou o interesse de pesquisadores da área de saúde. Afinal, em vez de sentados, os usuários precisam se movimentar bastante para conseguir passar de fase.

Agora, no dia da atualização de Natal que incluiu novos pokémons — entre eles um Pickachu com gorrinho de Papai Noel —, pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública Harvard Chan, de Boston, publicaram um estudo no British Medical Journal avaliando o nível de atividade física promovido pelo jogo. O trabalho, realizado com 1.182 participantes de 18 a 35 anos no mês de agosto, revelou que, de fato, os pokémons provocaram um aumento no número de passos diários. Contudo, na amostra avaliada, o efeito durou pouco. Na sexta semana, a quantidade de passos, medida por um aplicativo do iPhone, voltou aos mesmos níveis de antes da instalação do jogo.

“Neste verão, eu estava andando por Boston com um amigo. Ao longo dos anos, aprendi que ele não é um grande fã de corrida ou caminhada. Mas, depois do lançamento do Pokémon GO, em 1° de julho, o vi correndo pela primeira vez, perseguindo um personagem raro”, conta Katherine Howe, principal autora do trabalho e pesquisadora dos departamentos de Epidemiologia e de Ciências Sociais e Comportamentais da faculdade. “Meu amigo não é o único a caçar pokémons, esse jogo se tornou um fenômeno social global, com milhões se tornando usuários ativos, e isso nos faz pensar sobre o impacto dos jogos de realidade aumentada sobre a atividade física”, diz. Até hoje, foram realizados 500 milhões de downloads do Pokémon GO em todo o mundo.

Os participantes foram recrutados por meio de um site, o Amazon Mechancal Turk (Mturk). Todos os escolhidos moram nos Estados Unidos e utilizam o iPhone 6, aparelho que conta automaticamente o número de passos quando carregado pelo usuário. Só entraram no levantamento aqueles que atingiram o nível 5 do jogo, que é alcançado após duas horas de caminhada (não necessariamente contínua). Os pesquisadores pediram que os voluntários enviassem o número de passos diários registrados nos dois meses antes do estudo. Eles, então, compararam a média de deslocamento nas quatro semanas anteriores à instalação do Pokémon GO à quantidade de passos dados diariamente ao longo das seis semanas seguintes.


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