MEIO AMBIENTE

Área queimada na savana do Cerrado aumenta 221% em agosto

Região afetada é mais de duas vezes o tamanho do Distrito Federal e a crise hídrica pode ser agravada pelo problema

Publicado em: 19/09/2024 13:35

Queimadas ilegais na floresta amazônica às margens da rodovia BR-230 (Rodovia Transamazônica¬), próximo à cidade de Humaitá, estado do Amazonas, norte do Brasil, tirada em 4 de setembro de 2024  (Crédito: MICHAEL DANTAS / AFP)
Queimadas ilegais na floresta amazônica às margens da rodovia BR-230 (Rodovia Transamazônica¬), próximo à cidade de Humaitá, estado do Amazonas, norte do Brasil, tirada em 4 de setembro de 2024 (Crédito: MICHAEL DANTAS / AFP)

As regiões de savana do Cerrado tiveram um aumento de 221% de áreas queimadas em agosto de 2024. Foram 1.239.324 hectares atingidos - mais de duas vezes o tamanho do Distrito Federal - em comparação com 386.404 hectares no mesmo período do ano passado. Este tipo de vegetação, composto por árvores, arbustos e gramíneas, é predominante no bioma e ocupa a maior parte (41,7%) de tudo o que queimou no Cerrado nos oito primeiros meses do ano. Os dados são do Monitor do Fogo, divulgados nesta quinta-feira (19/9), pelo MapBiomas coordenado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

 

“Ainda que a área queimada em florestas do Cerrado seja menor do que a área queimada em savanas, chama a atenção este número que foge à dinâmica comumente observada no bioma. O aumento do fogo nas formações florestais é algo novo e que pode estar relacionado à intensificação das mudanças climáticas e ao desmatamento, que fragilizam estas áreas e aumentam sua vulnerabilidade ao fogo”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.

 

O Cerrado detém oito das 12 nascentes das principais bacias hidrográficas do Brasil. Elas abastecem os rios da Amazônia, do Pantanal, da Caatinga e da Mata Atlântica. Aquíferos que têm a maior parte de sua área no bioma também irrigam o subsolo do Pampa, a exemplo do Guarani. O aumento das regiões queimadas intensifica o alerta para o agravamento da crise hídrica no país. “O Cerrado é o coração das águas do Brasil, se o perdermos, estamos arriscando o abastecimento hídrico do país e colocando em xeque vidas humanas e da biodiversidade”, alerta Alencar.  

 

“Se não controlarmos os incêndios e o desmatamento do Cerrado, não vai ter mais água saindo da torneira na casa da maior parte dos brasileiros”, enfatiza Yuri Salmona, diretor executivo do Instituto Cerrados.

 

De acordo com o instituto, as áreas agropecuárias no Cerrado tiveram crescimento de 219% na área queimada em agosto deste ano, 440.843 mil hectares queimados, contra 138.274 mil hectares em 2023. Nos primeiros oito meses do ano, a agropecuária concentrou 21% do fogo no bioma. No comparativo dos últimos cinco anos, a área queimada no Cerrado foi 95% maior em agosto de 2024 do que a média para o período. O mês marca o auge da seca no bioma, o que expande incêndios causados por ação humana, inclusive, este foi o agosto com maior área queimada no intervalo analisado, com aumento de 177% em relação a agosto de 2023.  

 

“O Cerrado é um bioma que evoluiu com a ocorrência de fogo de forma natural, mas é importante lembrar que este fogo natural só ocorre na época chuvosa, por meio de raios, então é bastante raro. Na seca, o fator humano é o principal responsável pelos incêndios no bioma. É preciso criar mecanismos para que a gente possa manter este bioma vivo, seja com a redução do uso do fogo e o manejo desta ferramenta, seja com a criação de áreas protegidas”, complementa Alencar.

 

As informações são do Correio Braziliense. 

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