Espetáculo 'Terapia' estreia no Recife neste fim de semana com Marcelo Serrado
Teatro Luiz Mendonça recebe neste final de semana a estreia nacional do espetáculo Terapia, em que o ator Marcelo Serrado transforma relatos de crise de pânico e ansiedade em comédia afiada
Publicado: 02/12/2025 às 04:00
Ator Marcelo Serrado (Foto: Sthefany Amorim/Divulgação)
Às vezes, o melhor remédio para as neuroses da vida moderna é uma boa risada. Em Terapia, espetáculo que faz sua estreia nacional neste sábado e domingo, às 19h, no Teatro Luiz Mendonça, o ator Marcelo Serrado receita essas gargalhadas em altas doses de humor ácido. Sozinho em cena, tendo apenas um divã como companhia, ele utiliza seu próprio repertório de medos, crises e fracassos como matéria-prima para um estudo de caso tão cômico quanto catártico.
Nessa experiência performática intensa e carregada de improvisos, Serrado pretende construir uma conexão direta com a plateia através de piadas afiadas, histórias tragicômicas e interações espontâneas que chegam a incluir uma sessão de hipnose. Para o ator, Terapia é um testemunho de que rir de si mesmo pode ser, no fim das contas, a forma mais sábia e libertadora de encarar a vida. “Minha terapia vira a terapia do público”, explica o ator, em conversa exclusiva com o Viver.
Em 2024, ele fez um relato nas redes sociais sobre uma crise de ansiedade e pânico durante um voo entre Rio e Orlando, em plena viagem de férias em família. Diante de episódios recorrentes, Serrado decidiu buscar ajuda médica e dar início a um tratamento. A vivência deu origem não só ao espetáculo, mas também a um documentário, em uma tentativa de estimular o debate e a conscientização em torno da saúde mental. “É um tabu, mas quando falo sobre isso, mostro que todos estamos no mesmo barco”, destaca o ator carioca.
A segurança para um mergulho tão íntimo e bem-humorado vem do seu vasto repertório. Dono de uma carreira que começou em Corpo Santo, na extinta TV Manchete, e que consagrou personagens inesquecíveis como Crô, de Fina Estampa, Serrado consegue abordar temas delicados com rara sensibilidade. “O que busco é trazer um certo alívio e delicadeza para o tema através da comédia”, diz ele, cuja trajetória também é consolidada no palco, onde já estrelou outras comédias, como Um Pai de Outro Mundo e Avesso do Avesso.
Vale lembrar que esta última foi apresentada duas vezes no Recife, primeiro com Heloísa Périssé, em 2024, e depois com Leticia Spiller, no começo de julho. Trata-se do capítulo mais recente de um vínculo afetivo e cênico que Serrado cultiva há anos com o público daqui. “A gente até fez sessão extra”, relembra. Nos intervalos da agenda, ele não deixa de explorar os sabores do Recife Antigo ou da vizinha Olinda. “São lugares pelos quais tenho muito carinho”, conta ele, que estará na próxima Paixão de Cristo de Nova Jerusalém.
Como presente à cidade que tanto o acolhe, o ator escolheu estrear nacionalmente Terapia aqui. “É um público que respira teatro”, exalta. Depois de uma sessão tão intensa, entre palco e divã, o maior risco é esquecer onde termina a peça e começa a terapia. Afinal, o teatro também sabe abraçar. E, em uma cidade que respira arte como a nossa, talvez os dois gestos sejam mais próximos do que parecem.