° / °
Viver
TEATRO

Virginia Cavendish traz espetáculo 'Mary Stuart' ao Recife em duas sessões

Após 130 apresentações, o aclamado espetáculo Mary Stuart, com Virgínia Cavendish, desembarca no Teatro do Parque, nesta sexta-feira e sábado, pelo Festival Recife do Teatro Nacional

Allan Lopes

Publicado: 26/11/2025 às 04:00

Atriz Virginia Cavendish vive a rainha escocesa Mary Stuart/Foto: Priscila Prade/Divulgação

Atriz Virginia Cavendish vive a rainha escocesa Mary Stuart (Foto: Priscila Prade/Divulgação)

Mary Stuart, uma das figuras mais marcantes e trágicas da história, reinou na Escócia entre 1542 e 1567 e segue despertando interesse. Sua trajetória conturbada já foi interpretada por algumas das maiores atrizes de suas gerações, entre elas a saudosa Katharine Hepburn, Vanessa Redgrave e, mais recentemente, Saoirse Ronan apresentou uma releitura em 2018. Há quatros anos, a recifense Virginia Cavendish escreve seu próprio capítulo nessa tradição com o espetáculo Mary Stuart, que será apresentado no Teatro do Parque, nesta sexta-feira e sábado, sempre às 20h, pelo Festival Recife do Teatro Nacional, realizado pela Prefeitura do Recife através da Secretária de Cultura (Secult).


Na aclamada adaptação de Robert Icke, sob a direção de Nelson Baskerville, Virginia mergulha no intenso embate histórico de Mary Stuart com a sua prima e rival, a Rainha da Inglaterra Elizabeth I, vivida por Ana Cecília Costa. Mais do que uma reconstituição histórica, a montagem utiliza a disputa sangrenta pelo trono britânico para desvelar camadas universais sobre os mecanismos do poder, as estruturas de opressão, a eterna busca por liberdade e a resiliência do protagonismo feminino em sociedades patriarcais.


Em conversa exclusiva com o Viver, a atriz transborda entusiasmo pelo projeto a cada palavra. “Estou falando sem parar, né?”, interrompe ela, enquanto discorre sobre as nuances que permeiam o espetáculo. “É a história da primeira rainha ungida por Deus, como se dizia antigamente, que foi decapitada. Algo muito grave. E, na minha opinião, reflete como sempre foram homens julgando mulheres e cometendo feminicídios”, analisa Virginia. O reconhecimento veio com a peça liderando o Prêmio FITA 2025, conquistando 11 indicações em 17 categorias


Conhecida por personagens como Rosinha, de O Auto da Compadecida, e Inaura, de Lisbela e o Prisioneiro, Virginia também se destaca como produtora de peças e filmes, incluindo o premiado Através da Sombra e a própria Mary Stuart. Não é à toa que concorreu pelo trabalho triplo na idealização, produção e manutenção da montagem, com uma equipe que supera 50 profissionais, no Prêmio FITA. “Para mim, ser produtora significa ter voz ativa nas decisões, porque estou alinhada com a filosofia do que está sendo feito”, conta ela.


Na sintonia com o Festival Recife do Teatro Nacional, cujo tema nesta edição é Vozes Femininas – Histórias que Ressoam, Mary Stuart amplia o coro de narrativas com protagonistas femininas, ao lado de nomes como Andréa Beltrão e Ana Beatriz Nogueira. "Essa valorização já deveria acontecer há milênios, especialmente no Brasil", reflete Virginia. “É um recorte extremamente necessário em um mundo ainda tão desigual, onde salários e oportunidades ainda são desafios reais para as mulheres. É uma luta que merece mais do que aplausos. Exige ação e mudança concreta”, afirma a atriz.


A curta temporada no evento representa uma dupla estreia. Virgínia não apenas sobe pela primeira vez ao palco do Teatro do Parque, como traz a peça pela primeira vez ao Recife, sua cidade natal, nas apresentações de número 131 e 132. “ É uma alegria enorme. Me lembro de ver vários filmes e peças nesse espaço maravilhoso”, celebra ela, voltando como Mary Stuart, uma rainha escocesa agora com voz e alma pernambucanas.

Mais de Viver

Últimas

WhatsApp DP

Mais Lidas

WhatsApp DP

X