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Superlotação

Presídios de Pernambuco têm quase sete vezes mais presos do que a sua capacidade, diz CNJ

Portal Geopresídios aponta que sete unidades prisionais pernambucanas chegam a ter quase sete vezes mais presos do que sua capacidade, com o excedente totalizando mais de 18 mil pessoas

Mareu Araújo

Publicado: 28/11/2025 às 17:41

Maioria dos presos estrangeiros das unidades penais de Pernambuco foi detida sob acusação de tráfico de drogas. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press/Teresa Maia/DP/D.A.Press

Maioria dos presos estrangeiros das unidades penais de Pernambuco foi detida sob acusação de tráfico de drogas. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press (Teresa Maia/DP/D.A.Press)

Sete unidades prisionais de Pernambuco registram uma sobretaxa de até 681% além da capacidade total planejada, é o que mostra o portal Geopresídios, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a plataforma, enquanto o Brasil tem uma taxa de ocupação de 150,3%, as unidades pernambucanas listadas chegam a ter quase sete vezes mais presos do que sua capacidade, com o excedente totalizando mais de 18 mil pessoas nestes sete presídios.

A situação que mais chama a atenção é observada no Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, que registra uma taxa de ocupação de 681%. Com uma capacidade para 950 pessoas, a unidade abriga 6.469, um excedente de 5.519 detentos.

O Presídio de Salgueiro, no Sertão do Estado, apresenta o segundo maior índice, segundo o CNJ. Com uma taxa de ocupação de 671%, o presídio possui 1.154 detentos a mais do que comporta.

O Presídio de Igarassu, na RMR, que possui capacidade para comportar 1.226 detentos, excede em 4.621, com taxa de 477%, segundo o CNJ.

As demais cinco unidades também demonstram um cenário de superlotação com excedente superior a mil presos. O Presídio Advogado Brito Alves, em Arcoverde, também no Sertão, opera com 524% de ocupação, registrando 1.908 detentos acima da capacidade.

Já a Penitenciária Agroindustrial São João, em Itapissuma, no Grande Recife, opera com um excedente de 2.284 presos (369% de ocupação). Por fim, a Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, e a Penitenciária Dr. Ênio Pessoa Guerra, em Limoeiro, ambas no Agreste, possuem excedentes de 1.858+ (339% de ocupação) e de 1.173 (262%), respectivamente.

Operações

Em 2025, unidades prisionais pernambucanas foram palco de esquemas de corrupção e tráfico de drogas. O sistema prisional enfrenta problemas internos, como a atuação dos "chaveiros" e "cantineiros" e sobre a circulação de bens e privilégios dentro das penitenciárias. Além disso, a pasta sofre pressão de sindicatos e associações que pedem pela convocação de mais agentes penais.

Na quinta-feira (27), por exemplo, a Polícia Civil de Pernambuco deflagrou a Operação Efeito Helicóptero II, que cumpriu mandados de prisão em unidades prisionais do estado. Segundo a corporação, 13 presidiários são suspeitos de liderar uma organização criminosa de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro que movimentou, nos últimos dois anos, mais de R$ 27 milhões. Um dos

Em entrevista ao Diario de Pernambuco, em outubro deste ano, o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP-PE), declarou que novas unidades prisionais devem ser entregues no próximo ano. “Com isso, praticamente fechamos o complexo de Araçoiaba. Ainda faltam duas unidades para serem concluídas, e já foi iniciada a obra de três unidades em Itaquitinga, previstas para 2026”, disse.

Na ocasião, o secretário afirmou também que mudou 65% dos gestores penitenciários por “uma questão de alinhamento com a visão da pasta”, negando que as mudanças tenham motivação punitiva.

O Diario entrou em contato com a SEAP-PE, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.

Geopresídios

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) disponibilizou, nesta quinta-feira (27), a nova versão do Geopresídios, plataforma que reúne informações atualizadas sobre inspeções no sistema prisional brasileiro e outras unidades de privação de liberdade.

Lançado originalmente em 2011, o Geopresídios é alimentado pelo Cadastro Nacional de Inspeções em Estabelecimentos Penais (Cniep), sistema interno do CNJ que unifica o registro das inspeções judiciais realizadas em locais como penitenciárias, delegacias, cadeias públicas e hospitais de custódia. A plataforma também traz dados agregados atualizados sobre tipo de regime, forma de custódia, distribuição por sexo e grupos específicos, assim como consulta a relatórios de inspeção mensais e análise de dados de forma georreferenciada.

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