"Sou devoto dela": admiradores lotam túmulo da Menina Sem Nome, no Centro do Recife
Morta em 1970, criança encontrada na praia do Pina, na Zona Sul do Recife, foi sepultada em túmulo no Cemitério de Santo Amaro, que recebe fiéis e admiradores no Dia de Finados
Publicado: 02/11/2025 às 14:52
Túmulo da Menina Sem Nome reúne admiradores da criança morta em 1970, na Praia do Pina (Melissa Fernandes/DP Foto)
Na manhã deste domingo (2), admiradores da "Menina Sem Nome" visitaram em peso o seu túmulo no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife, tradição que marca o local há 55 anos, a cada Dia de Finados. O jazigo foi construído para uma menina encontrada morta na Praia do Pina, na Zona Sul Recife, em julho de 1970.
No dia 22 de junho de 1970, a menina foi estuprada e morta por Geraldo Magno de Oliveira, que ficou conhecido como o "Monstro do Pina". Apesar da ampla comoção da sociedade pernambucana com a brutalidade do crime, a menina nunca teve sua identidade descoberta pelos investigadores. Estima-se que ela tinha oito anos de idade quando faleceu.
"Eu vi o corpo dela na praia. Deitada na areia. E todo ano venho aqui rezar por ela", diz Lúcia Francisca Alves da Silva, de 86 anos, que trabalhava com auxiliar de limpeza em um prédio nas imediações do local onde a menina foi localizada.
Com o túmulo repleto de doces e brinquedos, um grupo de pessoas organiza orações e divide um bolo infantil, feito em homenagem à criança. Para muitos de seus admiradores, ela é uma santa, responsável diversas graças alcançadas.
"Sou devoto dela. Eu morava em uma casa que sempre alagava e, por causa dela, hoje tenho uma casa boa. Todo ano, a gente vem agradecer. Chego de manhã e só vou embora de noite", conta Antônio Carlos Renovato, estudante de Educação Integrativa.
Afastado do trabalho por questões de saúde, o operador de empilhadeira Japiassi de Oliveira, saiu de Tacaratu, no Sertão de Pernambuco, em busca de uma graça. Ele tem fé que, com a ajuda da "Menina Sem Nome", poderá retomar suas atividades.
"Eu acredito muito nela, como santa mesmo. Há mais de 15 anos que venho. Eu mesmo já pedi coisas que foram realizadas, então vim fazer minha oração", afirma Japiassi.