Caso Esther: Polícia investiga mulher que teria ajudado a limpar local do crime
Suspeita é ex-companheira de um dos presos e teria ajudado a fazer faxina e a queimar objetos na casa onde corpo foi encontrado; ela nega
Publicado: 23/10/2025 às 13:20

Corpo de Esther foi achado nessa terça (21) (Sandy James/DP Foto)
A Polícia Civil de Pernambuco investiga a possível participação de uma mulher de 33 anos na morte da menina Esther Isabelly, 4, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife. O corpo da criança foi encontrado, com marcas de agressão, na tarde de terça-feira (21), escondido em uma cacimba no quintal.
Moradores do imóvel em que a menina foi achada, Fernando Santos de Brito, de 31, e Fabiano Rodrigues de Lima, de 27, estão presos preventivamente por ocultação de cadáver – e não por homicídio. Eles negam participação na morte de Esther e alegam que não estavam em casa no momento em que o corpo foi levado para lá.
Investigadores, no entanto, contestam as versões dos suspeitos e apontam contradições nos depoimentos. Para a Polícia Civil, só os dois teriam acesso ao local, que é murado e tem um portão de alumínio. Já a cacimba, de 3,7 metros de profundidade, tem tampa de concreto, com cerca de 10 quilos – o que dificultaria que um invasor entrasse no local e escondesse o corpo da criança, sem ajuda de algum morador.
Também pesa contra os suspeitos a informação de que uma das casas, onde Fernando morava, passou por limpeza na segunda-feira (20), quando Esther ainda era dada como desaparecida. Segundo a investigação, a mulher, que é ex-companheira do suspeito e já morou no local, teria ajudado a fazer a faxina e a queimar objetos no local.
Mulher investigada
No inquérito, a Polícia Civil trabalha com a hipótese de que a mulher esteve no imóvel no dia do crime. Agora, os investigadores querem descobrir se ela sabia da presença do corpo ou ajudou a escondê-lo na cacimba – cenário em que deveria ser responsabilizada criminalmente.
Em interrogatório, a mulher negou que tenha entrado no imóvel. Segundo relata, ela também teria se mudado há cerca de um mês e não tinha mais a chave da casa.
Aos policiais, ela disse que, no dia do desaparecimento, acordou por volta das 11h, foi à casa de uma tia para almoçar e ficou por lá até o início da noite. Nesse local, ela teria encontrado com o ex, que estaria embriagado, e os dois chegaram a ter um desentendimento.
Por volta das 19h, quando já estava na rua, ela teria ouvido a mãe de Esther gritar que a filha estava desaparecida e teria sido vista sendo levada para a casa de Fabiano e Fernando. Foi quando a mulher teria decidido ir ao local – mas ficou do lado de fora, de acordo com a sua versão.
A mulher relata, ainda, que chegou a conversar com Fabiano, que teria negado que uma criança estivesse no local. O ex, Fernando, teria aparecido em seguida, montado a cavalo, e continuou brigando com a mulher, supostamente por ciúme, segundo o depoimento.
Ela ainda teria ficado cerca de duas horas no meio da rua e voltado a conversar com Fabiano. De acordo com a mulher, ele teria feito a faxina sozinho. Também haveria “alguns objetos pegando fogo” ao lado da casa. Já os suspeitos relatam que ela também teria participado da limpeza.
Morte de Esther
Esther desapareceu na tarde de segunda-feira (20), enquanto brincava com os irmãos, de 10, 8 e 7 anos, perto de um campo de futebol, no bairro Pixete, próximo à casa das crianças.
Em depoimento, os meninos afirmaram ter visto o momento em que um homem encapuzado teria arrebatado a criança e levado o imóvel de Fernando e Fabiano. As crianças, no entanto, não souberam apontar a identidade do criminoso.
O sumiço de Esther mobilizou o bairro. Familiares e vizinhos fizeram buscas e chegaram a ir à casa onde o corpo da menina seria encontrado, na tarde de terça-feira (21), no fundo da cacimba. O desaparecimento durou cerca de 21 horas.
O cadáver apresentava lesões no rosto. Ao lado do corpo, também havia um preservativo e uma caixa de achocolatada.
Perícia do Instituto Médico Legal apontou que a causa da morte teria sido traumatismo cranioencefálico provocado por instrumento contundente. A hipótese de crime sexual também é investigada.
Prisões
Inicialmente, Fernando e Fabiano foram encaminhados para a Delegacia de São Lourenço da Mata, na tarde de terça-feira. A unidade acabou cercada por populares, revoltados com a morte de Esther.
Por questão de segurança, os policiais decidiram levá-los ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), onde acabaram autuados em flagrante por ocultação de cadáver. Para a Polícia Civil, ainda não há indícios suficientes para responsabilizá-los pelo assassinato.
Em interrogatório, ambos negaram envolvimento com a morte de Esther e afirmaram que não estavam na casa no momento em que o corpo da menina foi escondido na cacimba.
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Na quarta-feira (22), a juíza Roberta Barcala Baptista Coutinho, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), decidiu decretar a prisão preventiva dos dois. Para ela, a prisão seria necessária para garantir a “ordem pública”, por causa da “gravidade do crime e de sua repercussão”, mas também a segurança dos suspeitos.

