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Política
ATO CONSTITUCIONAL

Recife ocupa ruas contra a PEC da Blindagem e a anistia a golpistas

Ao Diario, deputados e lideranças locais falaram sobre a importância da mobilização

Derick Souza

Publicado: 21/09/2025 às 18:10

No Recife, milhares de pessoas se reúnem para protestar contra a PEC da Blindagem e a anistia aos golpistas/Crysli Viana/DP Fotos

No Recife, milhares de pessoas se reúnem para protestar contra a PEC da Blindagem e a anistia aos golpistas (Crysli Viana/DP Fotos)

Neste domingo (21), milhares de pessoas saíram às ruas do Recife para protestar contra a proposta de anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado e a PEC da Blindagem, aprovada na Câmara Federal na última quarta-feira (17). Na capital pernambucana, a concentração aconteceu na rua da Aurora, no bairro da Boa Vista.

O ato foi convocado nacionalmente pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúnem organizações como MST, MTST, CUT, entidades sindicais e partidos de esquerda. Além do Recife, manifestações ocorreram em 33 cidades brasileiras, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Fortaleza.

O protesto rejeitou a blindagem de parlamentares e também reivindicou pautas sociais, como isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, taxação dos super-ricos e redução da jornada de trabalho.

Entre os 25 deputados federais de Pernambuco, 19 votaram a favor da PEC, enquanto apenas cinco se posicionaram contra.

Ao Diario de Pernambuco, o presidente estadual do PT e um dos cinco deputados federais que votaram contra, Carlos Veras, destacou a necessidade de priorizar projetos que beneficiem a população. “É importante aprovar pautas como a isenção de impostos para quem ganha até R$ 5 mil e avançar contra a jornada 6x1. Projetos que protegem quem já é protegido não interessam ao povo brasileiro”, afirmou.

Ele ressaltou ainda o papel das mobilizações populares. “Pernambuco não foge à luta. Sempre que foi preciso, nosso povo saiu às ruas para defender a democracia, a soberania e as pautas de interesse da população. A anistia para golpistas vai na contramão das conquistas democráticas recentes. Precisamos avançar no combate às desigualdades e garantir que o país siga reconstruindo a democracia”, finalizou.

Já para a deputada estadual Dani Portela (Psol), a participação popular foi essencial. “A população precisa dar uma mensagem direta para o Congresso. Não é admissível que a democracia seja sequestrada pelos interesses de poucos, que querem cometer crimes sem qualquer punição”, pontuou.

A parlamentar aproveitou o espaço para lembrar que a mobilização é um alerta à sociedade. “Estamos dizendo em alto e bom som que não admitiremos novos ataques à democracia. Defender o Brasil hoje é garantir que quem atentou contra o país seja responsabilizado, sem privilégios, sem manobras”.

A deputada Rosa Amorim (PT) destacou a união dos movimentos sociais e a importância das pautas defendidas. “PEC da blindagem foi um passo gigantesco na direção da impunidade para um pequeno grupo de privilegiados. O Congresso, nesse momento, se tornou o inimigo da nação”, afirmou.

Ela ainda ressaltou as reivindicações centrais dos movimentos na manifestação. “Nosso grito foi contra a anistia a golpistas e em defesa da democracia. Também pressionamos o Congresso a avançar em pautas sociais, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos”, concluiu.

O jornalista e pré-candidato ao Governo de Pernambuco, Ivan Moraes (Psol), destacou o peso político do ato. “Estamos mandando uma mensagem muito objetiva para o Congresso. Para Recife, Pernambuco e o Brasil, significou um momento de inflexão na forma como o Congresso tem se comportado. Foi muito importante que o povo estivesse na rua, se manifestando não apenas naquele dia, mas sempre que houver retrocessos a combater”, disse.

“Essa proposta praticamente coloca parlamentares acima da lei, permitindo que qualquer crime só seja investigado com autorização dos próprios pares. Seria uma catástrofe (a aprovação), mas a pressão popular é essencial para impedir retrocessos”, complementou Ivan.

 

A professora Socorro Oliveira destacou a importância do ato para que todos os brasileiros compreendam o que está acontecendo no país. “Não é justo que os deputados queiram decidir o destino do Brasil ou blindar as próprias covardias. Todos os povos brasileiros, indígenas e cidadãos de diferentes regiões estão defendendo a nação”, afirmou.

A psicóloga Maria Gorete França ressaltou a motivação pessoal e coletiva para participar da manifestação. “Sou avó, mulher, negra, nordestina, e com orgulho da preciosidade que nós somos. Ninguém vai atacar nossa soberania e ficar impune. Pelos meus netos, estou aqui e vou permanecer”, declarou.

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