Manobra garante maioria à oposição na CPI da publicidade do governo Raquel
PSB, partido do prefeito João Campos, articulou a filiação de três dos seus deputados em outros partidos para esvaziar base do governo e conquistar a maioria das cadeiras da CPI. Comissão deve ser instalada já na manhã desta terça-feira (19)
Publicado: 18/08/2025 às 19:53

Parlamentares do PSB trocaram de partido para garantir que a oposição ficasse com a maioria das cadeiras na Alepe (Jarbas Júnior, Roberta Guimarães/Alepe)
O PSB abriu mão de três deputados estaduais em troca da maioria das vagas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a licitação bilionária de publicidade do governo Raquel Lyra (PSD). Com PSDB, MDB e PRD mudando de lado, a oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) ficou com cinco cadeiras na CPI, incluindo a presidência e a relatoria, enquanto os governistas agora têm três. O PL, que é independente, indica um nome.
Os indicados da oposição foram Dani Portela (PSOL), autora da CPI, Diogo Moraes (PSDB), Rodrigo Farias (PSB) e Waldemar Borges (MDB). O União Brasil, que é independente mas vota contra Raquel, indicou Antônio Coelho.
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Já o governo indicou Antônio Moraes (PP), João Paulo (PT) e Wanderson Florêncio (SD). A bancada também havia indicado Débora Almeida (PSDB), mas perdeu o PSDB e sua cadeira nesta segunda, cortando sua participação. O Palácio também articulou a indicação de Nino de Enoque pelo PL, que é independente. O deputado costuma votar com Raquel.
Com a lista de participantes definida, o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB) tem 15 dias para instalar a CPI. É esperado que a comissão seja instalada já nesta terça-feira (19), às 8h.
Por ser a autora da CPI, Dani Portela vai presidir a primeira sessão, onde o colegiado define o presidente, vice e relator. A comissão dura 120 dias, com possibilidade de ser prorrogada por mais 90 dias.
Manobra da oposição
A estratégia da oposição para garantir a maioria consistiu em filiar os então socialistas Diogo Moraes, Waldemar Borges e Júnior Matuto ao PSDB, MDB e PRD, respectivamente. Esses partidos estavam na base de Raquel na Assembleia Legislativa (Alepe), apesar dos tucanos e emedebistas já serem aliados do PSB em Pernambuco.
O objetivo era empatar o número de deputados nas três legendas para que a indicação da liderança fosse dos presidentes estaduais de cada uma. Jarbas Filho (MDB) e Joãozinho Tenório (PRD) eram, até então, os únicos parlamentares de seus partidos.
No PSDB, o adversário declarado de Raquel Lyra, Álvaro Porto, que também comanda os tucanos em Pernambuco, disputava forças com Débora Almeida e Izaías Régis, aliados da governadora.
Com o aval das direções estaduais, os ex-PSB foram escolhidos como novos líderes, e os três partidos debandaram do “blocão” governista.
O governo teve até as 19h para tentar contra-atacar antes que a lista de indicados chegasse à presidência da Alepe. William Brígido (Republicanos) chegou a protocolar um ofício pedindo a liderança de seu partido, que acabou negado por Álvaro Porto, já que ele não tinha o aval do presidente estadual da legenda, Sílvio Costa Filho. Mário Ricardo, da oposição, segue como líder.
Novo equilíbrio de forças
Agora, o bloco da oposição (PSB, Republicanos, PSOL, PSDB, MDB e PRD) conta com 20 dos 49 deputados, conquistando a maioria da Casa, o que também impacta na configuração das comissões permanentes, além da CPI.
O bloco do governo (PP, Solidariedade, PT e PV) ficou com 19 parlamentares. União Brasil e PL, ambos com cinco deputados estaduais cada, são independentes.

