Bolsonaro nega intenção de fugir e se diz vítima de "suprema humilhação"
Alvo da Polícia Federal nesta sexta-feira (18), Bolsonaro falou com a imprensa após colocar tornozeleira eletrônica
Publicado: 18/07/2025 às 11:15

Jair Bolsonaro (EVARISTO SA / AFP)
“Suprema humilhação”. Foi desta forma que o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro classificou, nesta sexta-feira (18), a ação da Polícia Federal, que cumpriu mandados contra ele.
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica.
Bolsonaro também está sem poder usar redes sociais e se comunicar com o filho 03, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que está morando nos Estados Unidos.
Em entrevista tumultuada, na saída da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), em Brasília, onde foi instalada a tornozeleira, o ex-presidente disse que “nunca pensou em fugir do Brasil”.
Ainda na entrevista, o ex-presidente afirmou que “precisa entender o novo inquérito” aberto contra ele. “Fizeram busca e apreensão, pegaram R$ 7 mil e US$ 14 mil. Tá tudo declarado no Imposto de Renda”, afirmou.
Jair Bolsonaro também afirmou que nunca pensou em ir para nenhuma embaixada. “Essas cautelares (tornozeleira e não poder entrar em redes sociais) foram tomadas para eu não ir a uma embaixada”, observou.
Sobre o outro inquérito, o da trama golpista de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro disse que “não há provas contra ele”.
Também chamou de “golpe de festim” e disse que espera “um julgamento técnico e “não político”.
Na segunda (14), a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu a condenação de Bolsonaro e mais sete réus.
Sobre a proibição de falar com o filho nos EUA, ele afirmou: “Vai sufocando a gente.. Meu filho está nos EUA para lutar pela democracia e liberdade”.
Jair Bolsonaro também falou sobre o “tarifaço” de 50% imposto ao Brasil pelo presidente americano, Donald Trump.
Segundo ele, “todos os países têm taxas, mas só o Brasil não negocia”.
Sobre a possibilidade de recorrer a organismos internacionais, na questão do inquérito da trama golpista, o ex-presidente declarou: “Depende do andamento do julgamento”.
Entenda a ação
A decisão de Moraes teve como base a suposta confissão de Bolsonaro sobre a tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira ao condicionar o fim do tarifaço de Donald Trump à própria anistia.
Para o ministro, “a conduta configura, em tese, os crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação que envolve organização criminosa e atentado à soberania nacional”.
"A conduta do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO [...] é tão grave e despudorada que na data de hoje (17/7/2025), em entrevista coletiva, sem qualquer respeito à Soberania Nacional do Povo brasileiro, à Constituição Federal e à independência do Poder Judiciário, expressamente, confessou sua consciente e voluntária atuação criminosa na extorsão que se pretende contra a Justiça brasileira, CONDICIONANDO O FIM DA “TAXAÇÃO/SANÇÃO” À SUA PRÓPRIA ANISTIA", escreveu Moraes.
Segundo o ministro, Bolsonaro estimulou a atuação do governo dos Estados Unidos contra autoridades brasileiras, como parte de uma estratégia para pressionar o Supremo obstruir o inquérito do golpe.
Para o magistrado, Bolsonaro, em conjunto com o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está no Estados Unidos, comete "atentados à soberania nacional" com o objetivo de interferir em processos judiciais, desestabilizar a economia e pressionar o Poder Judiciário, em especial o STF.

