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Primeiro álbum da banda recifense Guma celebra o mar e o experimental

Intitulado Cais, o trabalho se ancora no potencial poético do mar para versar sobre sentimentos e subjetividades

Publicado em: 17/10/2018 08:41 | Atualizado em: 17/10/2018 09:35

Caio Wallerstein, Katarina Nápoles e Carlos Filizola formam a banda Guma. Foto: Danilo Galindo/Divulgação


Três amigos com a missão de desengavetar composições criadas anos atrás e mostrá-las ao mundo com pegadas de rock experimental e sonoridades brasileiras contemporâneas. É assim que podemos definir a banda Guma, formada pelos recifenses Katarina Nápoles (vocal), Carlos Filizola (guitarrista) e Caio Wallerstein (baterista) em meados de 2014. No início desta semana, o grupo lançou seu primeiro álbum de estúdio, Cais, que se ancora no potencial poético do mar para versar sobre sentimentos e subjetividades.

O projeto foi gravado de forma independente no Estúdio DubMar (PE), sendo mixado, masterizado e produzido pela banda com apoio de Luyde Cavalcanti. Foram dois anos de trabalho que resultaram em 10 faixas inéditas com temáticas e sonoridades plurais, mas que encontraram no oceano um fio condutor. O repertório já havia sido apresentado em um show no Edifício Texas, com a participação de Márcio Torres (baixo) e Daniel Ribeiro (percussão) - músicos que se juntam ao grupo nas apresentações ao vivo.

O Guma nasceu quando os integrantes estudavam jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco. “Eu e o Carlos Filizola percebemos que gostávamos das mesmas bandas e tínhamos muitas composições guardadas em casa. Decidimos tirá-las da gaveta e nos juntar ao Caio Wallerstein”, diz Katarina Nápoles, que assina as canções junto com Carlos.

"São músicas que a gente compôs há muito tempo. Dá para perceber que algumas letras são até meio adolescentes. Não tínhamos um conceito de início, mas quando começamos a trabalhar, percebemos que havia essa linearidade sobre nostalgia e mar. Foi algo bem natural”, explica a vocalista.

Amor, solidão, desilusões da rotina e inadaptação às convenções da vida são alguns dos temas das letras, enquanto a sonoridade se desenvolve entre timbres orgânicos e sintetizadores, solos psicodélicos e grooves agitados. Explorando a cartilha do cenário independente nacional, as músicas podem fazer os ouvintes viajarem aos vocais de Céu (SP), ao gingado do Metá Metá (SP) ou até mesmo aos solos do Cidadão Instigado (CE).

O mar, que está presente em inúmeras letras, também extrapola o projeto de estreia para figurar a própria essência da banda, incluindo o seu nome. Guma é o personagem do livro Mar morto (1936), clássico de Jorge Amado que traz um painel lírico e trágico sobre a vida dos marinheiros do cais de Salvador (BA). “Guma é um daqueles homens que saem para o mar com a certeza de que um dia o mar o tragará”, diz a sinopse do livro.

Capa de Cais. Foto: Letícia Tomás/Divulgação
A capa de Cais, assim como toda sua identidade visual, é de autoria da ilustradora pernambucana Letícia Tomás, da PWR Records - selo musical independente que lança apenas trabalhos com mulheres na formação.

"Estamos felizes com o retorno que estamos recebendo porque somos três tímidos em uma banda, sempre fomos muito inseguros. Trabalhamos muito porque sempre achávamos que não estava bom o suficiente. Agora, parece que já estão rendendo alguns frutos”, diz Nápoles. Como pede a era das plataformas digitais e do streaming, o grupo agora torce para que o trabalho repercuta e ganhe novas águas, tal qual os fluxos de uma correnteza.

Ouça o álbum:



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