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O Mecanismo encara o desafio de retratar a corrupção brasileira

Produção de José Padilha conta com Selton Mello, Caroline Abras e Enrique Diaz no elenco

Publicado em: 23/03/2018 07:31 | Atualizado em: 26/03/2018 11:38

Selton Mello interpreta um delegado em O mecanismo - Foto: Netflix/Divulgação


Rio de Janeiro - A Operação Lava-Jato não sai do noticiário nacional há alguns anos e, desde 2017, tem ocupado espaço no entretenimento, ao ser tema do filme Polícia Federal - A lei é para todos. A partir desta sexta-feira, chegará à televisão via serviço de streaming. Criada por José Padilha e Elena Soarez, O mecanismo estará disponível no catálogo da Netflix. É livremente inspirada na investigação que se debruçou no esquema de corrupção que envolveu empresas públicas e privadas e políticos, tomando como base o livro Lava Jato: O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil, de Vladimir Netto. Assim como o cenário político atual do país, marcado pela polarização da sociedade, o seriado de oito episódios promete gerar um Fla x Flu entre o público.
Padilha, produtor executivo e diretor do primeiro episódio, não esconde a linha de pensamento político. Para afastar a ideia de ser associado a uma posição ideológica de direita ou de esquerda, decidiu começar a história a partir do escândalo do Banestado, que começou durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. "A gente não queria cair no risco desse lugar comum de que a Lava Jato está perseguindo a esquerda. Então começamos lá atrás para deixar claro o que a gente acha. Ou seja, só tem bandido, resumindo", esclarece Padilha, em entrevista a jornalistas do país. "A corrupção não é um evento que acontece aqui, ali, mas é algo que estrutura a política, faz parte da lógica do processo eleitoral. Esse mecanismo (como ele define) não tem ideologia", explica o diretor. A produção tem um salto temporal de dez anos até chegar à deflagração da Operação Lava-Jato.

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O mecanismo, portanto, retrata a obsessão do delegado Marco Ruffo, vivido por Selton Mello, em investigar o caso a partir de indícios ou evidências de corrupção cometidos por Roberto Ibrahim, personagem de Enrique Diaz. "O Ibrahim é um personagem dentro de uma narrativa. Eu estou fazendo o Ibrahim. Construí com a base da dramaturgia", justifica Diaz. O policial é inspirado em Gerson Machado, assim como a policial Verena (Caroline Abras), baseada em Érica Morena. Embora parte do elenco refute comparações com personalidades verídicas, Padilha admite associações, a exemplo do Ibrahim ser o doleiro Alberto Yousseff. "A série começa há dez anos no Banestado, quando Yousseff era o operador. O episódio da mala de dinheiro ocorreu do mesmo jeito", exemplifica.

Primeira temporada retrata o surgimento da Operação Lava Jato - Foto: Netflix/Divulgação


No seriado, os personagens não têm os nomes da vida real, mas é quase impossível não associar. O "bordão" do ex-presidente Lula - "Nunca antes na história desse país" - está no texto, e o presidente ficcional é sucedido pela presidenta Janete. Além dos personagens, as instituições também ganharam uma nomenclatura diferente, exemplo: a Petrobrás virou Petrobrasil na adaptação, assim como Polícia Federal e Polícia Federativa. O Viver teve acesso aos três primeiros episódios, que narram o processo de investigação até a prisão de Ibrahim e do diretor da petrolífera, João Pedro Rangel (Leonardo Medeiros). Segundo Padilha, a primeira temporada vai até a prisão dos empreiteiros.

A ideia do seriado surgiu após o livro de Vladimir. Da idealização à conclusão do projeto, foram cerca de oito meses. Selton Mello e Caroline Abras optaram por não conhecer os personagens reais. “Eu quis ficar livre para a criação. Estou crescendo com esse trabalho. A série oferece muitas dúvidas. Estou saindo com dúvidas. E gosto disso”, explica Mello. "Para além de conflitos e escândalos de corrupção, eu queria falar sobre a questão da mulher", comenta Caroline. Os episódios iniciais misturam as vidas pessoal e profissional de Verena, que se relaciona com o namorado, do Ministério Público, e se desdobra para prender Roberto Ibrahim.

Enrique Diaz incorpora o doleiro na série. Foto: Netflix/Divulgação


Como todo bom vilão, Ibrahim tem carisma, embora Enrique não o considere um antagonista. O doleiro oscila entre momentos afetuosos como pai de família e do cinismo ao longo das negociações ilícitas e das abordagens policiais. Não há a confirmação da segunda temporada, mas tudo indica que se concretize. Além de Padilha, a série tem episódios dirigidos por Felipe Prado, Marcos Prado e Daniel Rezende.

A repórter viajou a convite da Netflix 

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