Despedida
Morre a artista plástica Mirella Andreotti
Conhecida como "Dama do Aço", Mirella faleceu aos 91 anos, em decorrência de um infarto
Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco
Publicado em: 03/05/2017 14:19 Atualizado em: 03/05/2017 15:31
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Mirella teve no Recife e em Olinda fontes de inspiração para seus trabalhos. Foto: Acervo pessoal |
A artista plástica italiana radicada no Recife Mirella Andreotti faleceu aos 91 anos, na manhã desta quarta-feira (3), em decorrência de um infarto. Segundo a filha da artista, Monica Andreotti, o corpo será velado a partir das 14h30, no Real Hospital Português, no bairro do Paissandu.
O sepultamento ocorrerá às 17h, no Cemitério Parque das Flores, localizado no bairro do Sancho. Além de familiares e amigos, a cerimônia será aberta para fãs e admiradores do trabalho que queiram se despedir da artista.
Mirella Andreotti nasceu em Livorno, na Itália, e começou a pintar ainda criança. Com 24 anos, em 1950, imigrou para o Brasil acompanhada do marido, Romano Andreotti, desembarcando inicialmente em Londrina, passando depois por São Paulo e, finalmente, se instalando no Recife.
Em 1963, o marido foi transferido para os Estados Unidos e Mirella, já com duas filhas, retomou o passatempo de infância, dessa vez com mais dedicação, pintando no sótão de casa. Os amigos da família começaram a admirar as obras e querer comprá-las e isso impulsionou a artista a pintar profissionalmente.
Dois anos depois, em 1965, Mirella voltou a morar no Recife e passou a conviver com os artistas visuais que começavam, na época, a se instalar em Olinda. Foi com a volta ao Brasil que a artista realizou as primeiras exposições individuais e a participar de exposições coletivas.
À época, a artista participava do Movimento da Ribeira, que congregava artistas locais como João Câmara, Maria Carmem, Wellington Virgolino e José Cláudio. Ela chegou a ser secretária da Cooperativa de Artes e Ofícios da Ribeira, cujos encontros ocorriam na Oficina 154, localizada no Sítio Histórico. Na maturidade, foi agraciada com a comenda de "Cavaliere" da Ordem ao Mérito da República Italiana.
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Mirella trabalhando em seu ateliê. Foto: Acervo pessoal |
Dama do aço
A artista plástica teve uma primeira fase com o figurativo, expresso por meio de pinturas, colagens e trabalhos com tecido. As experimentações a levaram ao trabalho com o abstrato, no qual o foco das obras era o alumínio e, depois, o aço inoxidável.
Em entrevista ao Diario, em 1998, ela resumiu o encanto com o material. "O aço é uma coisa fantástica. Adquire as cores do ambiente e tem as cores do infinito". A contemporaneidade dessa liga metálica e o simbolismo de um mundo contemporâneo no qual ele se banalizou também não passou despercebido à artista.
O pensamento de Mirella sobre o aço sempre foi o de superar os limites do material. A rigidez dele não a impediu de realizar esculturas que desafiam tanto a gravidade quanto opiniões reducionistas sobre as artes visuais. O reflexo da luz e as curvas do próprio aço tornam as esculturas diferentes a cada momento.
Em celebração aos seus recém completados 90 anos, o Viver publicou, no ano passado, uma reportagem sobre a artista. Confira a matéria na íntegra aqui.
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