Televisão Quase 20 séries e filmes pernambucanos estão em produção neste ano De cineastas renomados a estreantes no audiovisual, a lista é extensa de séries ou telefilmes em desenvolvimento e concluídos

Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/01/2017 15:34 Atualizado em: 28/01/2017 20:52

A série documental Coletivos acompanha grupos de diferentes cidades brasileiras. Foto: Pedro Jardim/Divulgação
A série documental Coletivos acompanha grupos de diferentes cidades brasileiras. Foto: Pedro Jardim/Divulgação

Os limites das fronteiras regionais foram ignorados pela música e pelo cinema pernambucanos diante da projeção nacional e internacional das obras locais. Com as transformações dos últimos cinco anos da televisão, em parte estimuladas pela Lei 12485 (a Lei da TV Paga), diretores, roteiristas e produtores do estado trilham o caminho possível para ocupar espaços na vasta grade da TV por assinatura e aberta. De cineastas renomados a estreantes no audiovisual, a lista é extensa de projetos em desenvolvimento ou concluídos. Entre a concepção, inscrições em editais, batalha por financiamento até o lançamento do projeto, no entanto, a caminhada é longa.

A variedade de estilos em outros meios artísticos é replicada na telinha. Os trabalhos se expandem em diferentes gêneros e formatos, como documental, animação e de ficção. "O audiovisual é um mercado superaberto. A legislação impulsionou um espaço riquíssimo que tem que ser ocupado. Criou-se uma perspectiva bacana, de aproximação com o público e geração de emprego", define Lírio Ferreira, um dos responsáveis pela série de ficção Fim do mundo (2016), ao lado de Hilton Lacerda (Tatuagem).

A trilha sonora do seriado foi assinada pelo sergipano Helder Aragão, mais conhecido como DJ Dolores. Neste ano, ele estreia no universo da ficção para TV. Também com Hilton Lacerda, amigo há 35 anos, desenvolve Lama dos dias. "Trabalhar em série de ficção é uma novidade. Estou adorando e sempre quis fazer isso. Tem muita série consumida no Brasil. Acho importante o brasileiro poder se ver e acompanhar narrativas que tenham a ver com ele", observa Dolores.

A série Fãtásticos interrompeu a sequência de gravações devido à demora de liberação de recursos. Foto: Plano 9 Producoes/Divulgação
A série Fãtásticos interrompeu a sequência de gravações devido à demora de liberação de recursos. Foto: Plano 9 Producoes/Divulgação

A produção fértil esbarra em um problema: a demora na liberação de recursos. É o caso da série de fantasia Fãtásticos, idealizada por André Pinto e Henrique Spencer. O projeto foi aprovado em 2015 no edital do Programa de Fomento ao Audiovisual de Pernambuco - o Funcultura Audiovisual, que ampliou os recursos ao acrescentar o investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Agência Nacional de Cinema (Ancine).

Com Pedro Wagner (Justiça) e Bruno Goya no elenco, o piloto está em fase de finalização, mas a equipe interrompeu a sequência de gravações devido à demora de liberação de recursos. "A gente decidiu parar até que o valor da FSA fosse liberado. Começamos a perceber que as entidades estavam se ajustando. A burocracia ficou mais complexa nos últimos meses. Não sei se foi pela mudança política ou total de projetos", conta Spencer.

Após Hilton Lacerda, Lírio Ferreira e Claudio Assis, outros cineastas devem estrear entre 2017 e 2018 na televisão, como Leonardo Lacca (Permanência), Tião (Sem coração) e Marcelo Lordello (Eles voltam), trio responsável pela série Delegado. O projeto foi aprovado em 2015. "No nosso caso, que é uma ficção em episódios, acho que o mais comum é demorar porque você lida com um universo extenso de narrativa expandida. Em relação à minutagem, acaba sendo o equivalente de dois  a três longas, ou de cinco a seis, dependendo do número de episódios", complementa Tião.

Já finalizada, a minissérie Simião remake, dirigida por Rafael Coelho, aguarda resposta das emissoras para ser transmitida. Com quatro episódios, contempla documentário e adaptações da obra do cineasta Simião Martiniano, falecido em 2015. "Vejo que há uma retração momentânea no mercado, que prejudica a distribuição e produções de novos projetos. Já apresentamos a série para alguns canais. Estamos aguardando espostas", conta Rafael Coelho, diretor do episódio sobre A mulher e o mandacaru (1996). Os filmes A valise foi trocada (2004) e A moça e o rapaz valente (1998) também vão fazer parte da produção seriada. Já a série prevista para 2017 Coletivos (fotos acima) envolve o Recife, o Rio de Janeiro e Brasília.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação


Made in PE


Séries de animação

Pedrinho e a chuteira  da sorte - a série

Direção: Ulisses Brandão
Com 13 episódios de 11 minutos, a série é um spin-off (obra derivada) de um curta-metragem de animação exibido na Globo Nordeste em outubro de 2015. O programa mostra o personagem protagonista envolvido em um campeonato Intercomunitário de futebol. Junto aos colegas, ele terá que encarar novos rivais no campo. A previsão de estreia é em outubro deste ano.

Iuri Udi
Direção: Ulisses Brandão
Em fase de desenvolvimento de roteiro, a série de animação acompanha a história do personagem Iuri. Dono de uma criatividade singular, o menino consegue transformar coisas velhas em máquinas elaboradas. Já Udi é uma tartaruga. Para tentar viabilizar o projeto, a produtora Viu Cine terá reuniões em São Paulo e no Rio de Janeiro. A previsão é para o começo do ano que vem.

Além da lenda
Direção: Ulisses Brandão
Treze personagens do folclore brasileiro ganham roupagens diferentes na série de animação, prevista para o segundo semestre. Com 13 episódios, a produção faz uma reflexão sobre as mudanças do perfil de crianças da atual geração e dos novos tempos. A produtora Viu Cine, responsável pelo projeto, já trabalha para financiar a segunda temporada.

Desenha, Bia
Direção: Neco Tabosa
Criada por Neco Tabosa e Karol Pacheco, a série de animação de 13 episódios é desenvolvida pela REC Produtores. De acordo com os criadores, a produção estimula “a desobediência poética via desenhos e troca de informação por bilhetes e emoticons na vida de uma família não normativa na periferia da Região Metropolitana”. Está em fase de pré-produção, com previsão para 2018.

Dó ré mi fadas
Direção: Daniel Edmundson
Com roteiro de Edmundson e Nara Aragão, a Rec Produtores desenvolve o piloto da animação Dó ré mi fadas, baseado no grupo infantil Fadas Magrinhas. A produção ainda não tem financiamento para a primeira temporada completa. A ideia é que sejam 26 episódios, de 11 minutos de duração. Sofia Freire, Gabriela Melo, Amanda Beça e Tarcísio Vieira fazem a dublagem.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Telefilme e Docs

Múltiplo Valdi

Direção: Rafael Coelho e Claudia Moraes
O artista plástico, ator, escritor e teatrólogo Valdi Coutinho, um dos criadores do Baile dos Artistas, será tema de documentário para a televisão. As gravações começam justamente na prévia carnavalesca, marcada para o dia 4 de fevereiro. Ainda sem previsão de lançamento, o filme abordará o trabalho de Valdi em diferentes áreas, incluindo o trabalho como professor de teatro.

O BenVirá
Direção: Uilma Queiroz
É um documentário que nasceu a partir de uma fotografia de 13 grávidas em frente a uma emergência de mulheres em 1983, na zona rural de Afogados da Ingazeira no Sertão do Pajeú. A equipe investigará quem e como são essas mulheres e como estão os respectivos filhos atualmente. À época, elas viviam em meio à seca. Uma delas é uma ativista dos direitos humanos. Sem previsão, deve ser exibida na TVPE.

Coração do mundo
Direção: Danielle Hoover
O filme contará histórias de colônias estrangeiras instaladas em Pernambuco, como judeus, holandeses, japoneses e árabes. O roteiro é de Aquiles Lopes e Danielle Hoover. Entre os canais interessados, o Cine BrasilTV e o Futura. A Luni Produções também desenvolve Salve o prazer (prevista para o canal Curta!), Boca fechada (prevista para o CineBrasil TV) e O rio feiticeiro.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Séries documentais

Coletivos

Direção: Getsenami Silva, Carol Vergolino, Guilherme Bacalhao e Cézar Maia
Com nove episódios, a série acompanha o trabalho social de coletivos brasileiros de diferentes cidades. Sem previsão de estreia, a obra deve ser exibida no Cine BrasilTV e, como segunda janela, em canais da TV aberta nos municípios onde os grupos operam. O projeto contou com pesquisadores do Recife, do Rio de Janeiro e de Brasília.

Arquibancadas
Direção: Lula Queiroga
A paixão de artistas e escritores por 18 clubes brasileiros é o elemento central da série documental de 18 episódios - cinco já estão finalizados. Com depoimentos de Luís Fernando Veríssimo, Eduardo Bueno, Bruno Mazzeo, Beth Carvalho e Ivo Meirelles, a produção está prevista para estrear no segundo semestre no Cine BrasilTV.

Mulher original

Direção: Carlota Pereira
A série é assinada por Carlota Pereira e foi aprovada no Funcultura de 2015 para desenvolvimento de roteiros e produção de um piloto, que será rodado em março deste ano. O roteiro de Neco Tabosa misturará ficção e realidade ao reunir relatos particulares de pessoas transexuais e travestis do Recife. Segundo os organizadores, ainda não há previsão de estreia.

Filmes começam na calçada
Direção: Kleber Mendonça Filho
Primeira série para a TV do cineasta responsável pelos premiados Aquarius e O som ao redor, é um projeto documental que reunirá salas de cinema do mundo, incluindo São Luiz, no Recife, e espaços em Berlim e Los Angeles. Segundo o cineasta, é o primeiro passo para a aproximação dele com o meio televisivo. Não há previsão de estreia.

Ouro velho, mundo novo
Direção: Claudio Assis e Lírio Ferreira
Com apresentação de Lirinha, a série faz um mapeamento da poesia popular na divisa de Pernambuco com a Paraíba. Desenvolvido há três anos, o projeto faz um mapeamento da poesia falada e cantada em 12 episódios, com duração de 15 minutos. Deve estrear no segundo semestre no Canal Brasil. Claudio Assis também adaptará o livro Chabadabadá, de Xico Sá, para a televisão.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Séries musicais

Joinha Lab

Direção: Neco Tabosa
O programa tem apresentação de China e mostra o encontro de artistas no estúdio Joinha Records, como Juliano Holanda, Tibério Azul, Fred 04, Isaar, Clayton Barros, Josildo Sá, Felipe S., Zé Manoel, Buguinha Dub e Maciel Salu. Em cada capítulo, nasce uma música composta por dois convidados. Cerca de prédio, por exemplo, é parceria de Karina Buhr e Cannibal. Sem previsão de lançamento.

Reginaldo Rossi
Direção: José Eduardo Mignoli
O Rei do Brega, Reginaldo Rossi, será tema de um documentário da RTV Produções, em parceria com a Globo Filmes. Com roteiro assinado por DJ Dolores, as filmagens devem começar em março, ainda sem previsão de lançamento. O projeto relembrará uma veia mais pop e rock do artista pernambucano, que remete aos primeiros anos da carreira do cantor, mais conhecido pela vertente brega. A produção será exibida no canal por assinatura GloboNews.

Brasil adentro

Direção: Charles Gavin, Paola Vieira, Geraldinho Magalhães e Lula Queiroga
A história da música pernambucana será traçada na segunda temporada da minissérie Brasil adentro. Os cinco episódios com 52 minutos de duração cada serão exibidos no Canal Brasil, a partir desta segunda-feira (30), às 19h. O programa é apresentado pelo ex-Titã Charles Gavin (O som do vinil).

África da Sorte foi gravada no litoral norte de Pernambuco. Foto: Aroma Filmes/Divulgação
África da Sorte foi gravada no litoral norte de Pernambuco. Foto: Aroma Filmes/Divulgação
Ficção

Simião Remake
Direção: Rafael Coelho
A produção recorda obras do cineasta Simião Martiniano, que morreu em 2015, aos 82 anos. Com quatro episódios, a série já está pronta e aguarda contato de canais por assinatura interessados em exibir a produção. Cada capítulo fará adaptação de obras do pernambucano, como Moça e o rapaz valente e A mulher e o mandacaru. Não há previsão de lançamento.

Delegado

Direção: Tião, Leonardo Lacca e Marcelo Lordello
Será produzida neste ano e tem previsão para 2018. Sobre jovem de classe média que se forma na universidade e é aprovado em concurso para delegado. A história mostra como ele se torna esse “personagem”, ao mesmo tempo que descobre a cidade e o país.

África da sorte
Direção: Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira
A série, gravada em Itamacará,  é ambientada em país africano fictício. No enredo, uma recifense é contratada para atuar em campanha publicitária de loteria. Ela desvenda esquema de corrupção. Em finalização, será entregue na EBC ao final de fevereiro.

Lama dos dias
Diretor: Hilton Lacerda
Projeto em parceria com DJ Dolores, a série é uma visão do Recife da década de 1990, período inicial do movimento mangue beat. Apesar de não ser biográfica, a trama ficcional surge a partir de memórias dos idealizadores. As filmagens começam em abril. A produção será exibida no Canal Brasil, ainda sem data de estreia.

>> Para rever
Algumas séries pernambucanas já exibidas na TV por assinatura estão disponíveis em serviços de streaming

Fim do mundo
Estrelada por Hermila Guedes e Jesuíta Barbosa, a série está disponível na plataforma online do Canal Brasil. São oito episódios, que acompanham a relação entre mãe e filho ao retornar à cidade de origem.

Mundo Bita
A série de animação infantil está disponível no Now, Netflix e PlayKids. A produção se tornou um fenômeno mercadológico, com rebatimento no teatro e bonecos de pelúcia. É transmitida no Discovery Kids desde 2013.

Se cria assim
Dirigida por Claudio Assis, Walter Carvalho e Beto Brant, a série documental fala sobre processo criativo de artistas. A produção estreou no ano passado no canal pago Arte 1, que ainda reprisa ao longo da programação.

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