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Literatura Paulo Coelho desabafa sobre internações em manicômios, prisão e tortura a Jô Soares Escritor, que atualmente vive em Genebra, não costuma conceder entrevistas, mas abriu uma exceção por conta da amizade com o apresentador

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/11/2016 20:19 Atualizado em:

Na entrevista, Paulo Coelho falou ainda do novo livro, A Espiã. Foto: Globo/Reprodução
Na entrevista, Paulo Coelho falou ainda do novo livro, A Espiã. Foto: Globo/Reprodução


Paulo Coelho abriu uma exceção à sua regra de não dar entrevistas ("ele não tem mais saco para isso", disse Jô Soares) e concedeu uma ao Programa do Jô, direto de Genebra, onde vive com a esposa. Em meia hora de conversa, o escritor falou sobre a juventude difícil e falou das três vezes em que foi internado em um hospital psiquiátrico, entre os 15 e 17 anos.

"Eu tive que enfrentar momentos muito difíceis na minha vida, fui internado num manicômio", revelou. O escritor conversou também sobre a época da ditadura militar. "Terminei sendo preso pela ditadura militar três vezes. Eu fui torturado, eu desisti [de escrever]. É bom deixar isso claro." Ele, assim como Raul Seixas, foi preso por conta da expressão "sociedade alternativa", presente no álbum Krig-Há, Bandolo! de Seixas, que Coelho co-escreveu. 

Paulo aproveitou a oportunidade para divulgar o novo livro, A espiã, um romance inspirado nas cartas da Mata Hari, dançarina sueca acusada de espionagem. As cartas foram escritas pouco antes de sua execução, na França, em 1917, e publicadas há mais de 30 anos. Com mais de 30 livros publicados, Coelho acredita que nasceu para escrever. "Teve um momento em que eu fiquei realmente assustado. Mas eu digo: eu não posso fugir do meu destino. Eu não posso. cada homem tem um destino para cumprir, cada pessoa tem alguma coisa para fazer, mesmo que vá contra o que todo mundo falou, que foi o meu caso. 'Ninguém vive de literatura'. Tá bom, mas e daí? Eu não escrevo para viver de literatura. Eu escrevo porque tenho prazer de escrever, e terminei vivendo de literatura. E, como eu, outras pessoas", contou ele ao amigo Jô Soares.

Coelho falou ainda sobre a rotina que leva em Genebra.“Eu vivo numa cidade do interior aqui, quer dizer, as pessoas tem essa visão que Genebra é muito cosmopolita... Você vai ao supermercado aqui, por exemplo, e só tem duas marcas de iogurte. O poder pertence ao povo, só ao povo". A vida pacata que o autor prefere é o motivo de ele não conceder entrevistas com frequência. “Eu vivo sendo convidado para as coisas e vivo rejeitando. Acho uma chateação algumas coisas, não gosto de viajar, por exemplo. Para mim, as coisas que mais gosto são as gratuitas. Andar, ler, estar na natureza, aproveitar a companhia da minha mulher.”

Chamado por Jô de "patrimônio nacional", Coelho já vendeu mais 600 milhões de livros ao redor do mundo. O alquimista, seu maior sucesso, foi traduzido para 80 línguas e deve virar filme em Hollywood ano que vem. "Em qualquer lugar do mundo que você for", elogiou Jô, "fale em Pelé e fale em Paulo Coelho. São dois que todo mundo conhece".



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