SCI-FI
Star Trek completa 50 anos com estreia de filme e nova série em produção
Clássico da ficção científica já teve 13 adaptações cinematográficas e contabiliza mais de 700 episódios
Por: Breno Pessoa
Publicado em: 01/09/2016 18:00 Atualizado em: 01/09/2016 17:25
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Elenco da série original reunido. Foto: Paramount/Divulgação |
Há 50 anos, James T. Kirk, o capitão da nave Enterprise, começava a narrar no diário de bordo os relatos de uma missão de exploração espacial em busca de novos mundos e civilizações desconhecidas. Da estreia de Star trek (ou Jornada nas estrelas, como ficou conhecida no Brasil), em 8 de setembro de 1966, até hoje, foram 726 episódios em diferentes encarnações do programa e 13 filmes - o mais recente (Sem fronteiras) em cartaz nos cinemas brasileiros a partir de amanhã. Em 2017, a CBS estreia nova série sobre a saga, distribuída mundialmente pelo serviço de streaming Netflix.
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Hoje incontestável símbolo da cultura pop, Star trek teve primeira recepção tímida. A temporada inaugural não deslanchou e o quadro não se reverteu no segundo ano, que foi ameaçado de cancelamento. O fim se concretizou na terceira temporada, que não resistiu aos baixos índices de audiência, após 79 episódios. O cenário só mudou na década seguinte, quando o programa começou a ser comercializado a emissoras locais independentes.
No início dos anos 1970, a atração era exibida em mais de cem canais norte-americanos, com médias de audiência maiores do que as do primeiro período de exibição. O criador do programa, Gene Roddenberry (1921-1991), chegou a declarar que o pouso do astronauta Neil Armstrong na Lua, em julho de 1969, atraiu atenção para a série. “Se o homem tivesse chegado à Lua durante a primeira ou segunda temporada, a ideia de espaço não teria soado tão absurda”. A boa recepção das reprises consolidou o público, inspirou fãs a realizarem convenções e também animou a Paramount a reviver a série.
A primeira tentativa foi um desenho animado dublado pelo elenco original exibido entre 1973 e 1974. A animação não foi bem-sucedida, mas não desencorajou a produção de um filme, que chegou aos cinemas em 1979 e garantiu boa bilheteria. O elenco original do programa ainda se reuniu para mais cinco longas, o último deles em 1991, enquanto a franquia continuou em outras cinco séries, a mais recente delas, Enterprise, que foi ao ar entre 2001 e 2005.
Após esse hiato, Star trek retornará para a TV em 2017, com Discovery (em produção), aos cuidados de Bryan Fuller (Hannibal). Para o escritor Salvador Nogueira, coautor do recém-lançado Jornada nas estrelas: O guia da saga (320 páginas, Leya, R$ 59,90), a explicação para a longevidade da franquia está na existência de diversas camadas na narrativa. “De início, você se apaixona pelo colorido e pela ação. Mais tarde, você começa a enxergar as metáforas e a ciência por trás”, ressalta Nogueira.
Um outro ponto importante, que perpassa toda a franquia, é o caráter inclusivo da trama, que colocou mulheres, negros e etnias diversas em papéis de destaque. “A série desde o início procurou ser inclusiva, formando uma tripulação heterogênea, com uma mulher negra (tenente Uhura), um asiático (o piloto Sulu), um alienígena mestiço (Spock) e até um russo (Chekov), em plena Guerra Fria”, destaca a outra autora do guia, Susana Alexandria.
“Gene Roddenberry dizia que a nave era uma metáfora da Terra. As séries derivadas seguiram esse mesmo caminho, até dar o próprio comando da nave a uma mulher: a capitão Janeway, da série Voyager”, acrescenta Susana Alexandria. O episódio piloto da série, aliás, tinha uma mulher no segundo comando da nave, mas a ideia foi descartada, já que em exibições-teste a própria audiência feminina rejeitou a personagem. A próxima série da saga também será estrelada por uma figura feminina.
"Star trek se tornou o protótipo para a ficção científica esperançosa, que vê o futuro humano não como uma tragédia prestes a acontecer, mas como algo que trará o melhor de nós mesmos e de nossa espécie, conforme avançamos na exploração do Universo”, finaliza Salvador Nogueira.
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Spock (Zachary Quinto) e McCoy (Karl Urban) têm diversos momentos cômicos. Foto: Paramount/Divulgação |
Reverência à primeira série
Star trek: sem fronteiras consegue ser completamente diferente do produto que lhe serve de inspiração: a série clássica de TV exibida entre 1966 e 1969. Ao mesmo tempo, o mais novo filme da franquia reverencia e respeita o material original. Se o visual bem apurado e ritmo frenético contrastam com a precariedade de efeitos especiais e roteiros menos dinâmicos da fase inicial de Jornada nas estrelas, a forte química entre os personagens e a valorização das questões humanas são mantidas.
Como releitura da primeira série televisiva, Sem fronteiras, se propõe a trazer os personagens antigos para uma nova plateia, caminho iniciado nos dois filmes que o antecedem: Star trek (2009) e Além da escuridão (2013), ambos dirigidos por J. J. Abrams, com roteiros de Roberto Orci, Alex Kurtzman e Damon Lindelof. No novo longa, dessa vez dirigido por Justin Lin (Velozes e furiosos 6) e escrito por Simon Pegg (o Scotty do filme) e Doug Jung, dá continuidade ao que foi visto nas produções anteriores, mas também funciona sozinho, como mais um capítulo da saga.
Este é, até agora, o filme de Star trek mais aventuresco e divertido. As cenas de ação são competentes, habilidade que Lin já demonstrou na direção de três capítulos da série Velozes e furiosos, assim como o humor, por conta de Pegg, já experiente em roteiros de comédia. Com trama simples, personagens cativantes e clima otimista, Star trek: sem fronteiras tem potencial para agradar fãs e não iniciados na saga. Os mais puristas podem torcer o nariz por conta do menor enfoque em questões filosóficas ou pela maior dose de ação. Mas, sem dúvida, é uma ótima celebração aos 50 anos de Jornada nas estrelas.
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