CINEMA Documentário sobre Janis Joplin exibido no Recife mostra a mulher por trás da lenda Janis: Little girl blue explora a vida de um dos maiores ícones do rock & roll

Por: Eduarda Fernandes

Publicado em: 29/07/2016 19:38 Atualizado em:

Documentário é narrado pela cantora e compositora Cat Power. Foto: Divulgação
Documentário é narrado pela cantora e compositora Cat Power. Foto: Divulgação


Em uma narração no início do documentário Janis: Little Girl Blue, a cantora Janis Joplin, um dos maiores ícones da história da música, define ambição como “uma necessidade de ser amado”. A expressão consta em uma carta escrita para os pais pouco depois do aniversário de 27 anos. Ela morreria de overdose de heroína meses antes de completar 28. No filme dirigido por Amy Berg, com sessão especial no cinema do Museu neste sábado, às 20h20, não é difícil perceber que o amor e a necessidade de aceitação dificultaram e impulsionaram a carreira de Joplin ao mesmo tempo.

O documentário mostra a mulher por trás da lenda e relata como a sua vida turbulenta mudou o mundo da música definitivamente. Exibido pela primeira vez no Festival de Cinema Internacional de Toronto, ano passado, o documentário é narrado pela cantora e compositora Cat Power. A maior parte do filme é contada com as palavras da própria Janis, através de uma série de cartas que enviou à família ao longo dos anos. “A melhor maneira de contar a história de Janis era com a voz de Janis. As cartas mostram a artista vulnerável e a filha adorada que foi em sua vida curta, mas impactante”, disse Berg, que, além de dirigir, também escreveu e produziu o longa-metragem.

Além das cartas, Little girl blue apresenta depoimentos da família de Janis e de músicos influenciados pela carreira da cantora, e gravações de aúdio e vídeo inéditas, encontradas por Amy Berg durante os sete anos que passou pesquisando para realizar o projeto.

A constatação de que o fenômeno que comandava palcos e multidões era a menina tímida que nasceu em uma pequena cidade do Texas, no sul dos Estados Unidos, causa surpresa. Little girl blue aborda a infância de Joplin, marcada pelo bullying na escola, consequência de ela ter ousado, nos anos 1950, se manifestar contra a segregação racial em uma região dominada pela Ku Klux Klan. Dos abusos, surgiu a vontade de se rebelar: depoimentos de membros da família e amigos contam que ela não gostava de seguir regras, e, nas palavras do irmão mais novo, Michael Joplin, “toda vez que ela podia balançar o barco e mudar as estruturas das coisas, ela o fazia. Ela sabia que era assim que seria notada”. A rebeldia a levou para São Francisco, onde iniciou uma carreira musical voltada ao blues e teve as primeiras experiências sexuais, com homens e mulheres. Anos depois, em 1967, a aparição em um festival de rock, comandando a banda Big Brother and the Holding Company, rendeu a Joplin um contrato com a Columbia Records, uma das maiores gravadoras da época. 

Mas a projeção e os hits no topo das paradas não apaziguaram a insegurança de Joplin, que buscou refúgio no álcool e nas drogas. Em um momento especialmente tocante do filme, a irmã dela relembra uma das cartas da cantora à família, através da qual ela pergunta à mãe se o jornal local de Port Arthur, a sua cidade natal, publicou alguma coisa sobre ela. 

“No palco ela se sentia alguém, se sentia importante, amada, sentia que tinha algo a oferecer para o mundo”, diz a irmã, Laura. De fato, a insegurança de Joplin sumia a ponto de ser difícil associar quem ela era fora dos palcos com a força da natureza na qual ela se transformava quando começava a cantar. Joplin foi, sem dúvida, a mulher mais influente do rock & roll, e Little girl blue é indispensável para entender como ela se tornou digna do título. “Ela nunca conseguiu aprender a ser igual a todo mundo”, relata uma amiga de infância. E o mundo da música a agradece por isso. 





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