Teatro
Mateus Solano volta ao Recife para debater a dependência do brasileiro com a tecnologia no espetáculo Selfie
Ele contracena com o ator Miguel Thiré no espetáculo dirigido por Marcos Caruso
Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco
Publicado em: 12/12/2015 09:00 Atualizado em: 11/12/2015 18:57
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Foto: Vitor Pascoal/Divulgação |
Em uma sociedade cada vez mais virtual, o teatro é um dos poucos lugares onde as pessoas se desligam do celular. As exceções contrariam o manual da boa educação. O espetáculo Selfie - que marca o encontro de Mateus Solano e Miguel Thiré nos palcos e terá apresentações hoje e amanhã no Teatro RioMar - mergulha no universo conectado. Um smartphone armazena dados da nossa vida, antes função de uma agenda física ou até um álbum de fotografias. Com direção de Marcos Caruso e texto de Daniela Ocampo, a peça é centrada em Cláudio, uma dessas pessoas que guarda tudo no celular e sofre consequências hilárias do costume.
Ao tentar criar um sistema de armazenamento próprio, batizado de MyClaudio – alusão ao iCloud da Apple -, ele perde todos os dados arquivados e se vê no caos. “Além da comédia, a gente causa uma reflexão. Não é uma crítica. A gente expõe defeitos e qualidades dessa vida conectada”, frisa Solano, em entrevista ao Viver. Quando ele perde o celular, perde a si próprio. Claudio é obrigado a se reinventar e buscar informações sobre o seu passado. Ele procura a mãe, namorada, amigo com o intuito de recuperar. "Até ontem, a gente sabia os números e datas de aniversários decorados das pessoas. Hoje, a gente delega tudo para o celular", complementa. Diante do trauma, ele implanta um chip no cérebro e se torna o Connected Man.
"A escolha por Caruso na direção foi muito acertada. Apesar de ser conhecido como ator e escritor, ele é muito interessado em dirigir. Incrivelmente, ele nos ensina a ser jovem. Ele é jovem há muito mais tempo", ressalta Solano. Já Ocampo é uma das roteiristas do humorístico Tá no ar: A TV na TV, com Marcelo Adnet e Marcius Melhem.
Após o marcante Félix, Mateus Solano se dedicou ao teatro e ao cinema. O retorno à telinha foi no especial dos 25 anos da Escolinha do Professor Raimundo, no qual incorporou o personagem Zé Bonitinho. A homenagem foi exibida recentemente no canal Viva e chega à TV aberta amanhã, às 14h25, na TV Globo. A volta para as telenovelas será em Liberdade, liberdade, próxima trama das 23h. Prevista para abril, a obra é uma adaptação do livro Joaquina – filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz.
ENTREVISTA // Mateus Solano
Vocês já chegaram a enfrentar algo desagradável no espetáculo, como alguém querer tirar foto durante a peça? Como se saíram?
Muito. Eu me desconcentro bastante. Só que, ao longo da temporada, em algum momento, a gente vai ter que se acostumar com isso. O negócio está muito doido. O teatro é um dos únicos lugares que a pessoa tem essa experiência de ouvir uma pessoa contando uma história ali na sua frente. Hoje isso é muito raro. E acho que não deve ser registrado. Aquela gravação fica horrível e uma péssima lembrança.
Você é muito conectado?
Olha, o WhatsApp "raptou" a gente. É um novo e-mail. É difícil sair disso. Mas eu tenho o Facebook, ele é meu, sei o que está passando nele, mas é uma equipe que coordena. Meu Twitter não entro. Instagram é uma rede social que uso muito. Todos nós estamos mergulhados.
Como enxerga essa necessidade de se expor?
A coisa da autoexposição é que a gente está se "lambuzando" na nova tecnologia. É muito cedo para falar sobre isso. Por isso, a gente teve cuidado no espetáculo em não fazer críticas. A gente não toca tanto nessa questão. Fala mais sobre a conexão.
A sua carreira na televisão tomou grandes proporções, principalmente depois de Félix, de Amor à vida. Neste contexto, o que o teatro significa para você?
O teatro é onde tudo nasce. Ainda faço teatro e nunca vou deixar de fazer. É o lugar onde eu posso e tenho oportunidade de me desenvolver como ator. A televisão é muito bacana porque te dá jogo de cintura e cenas novas todos os dias. Mas, por ser urgente, você acaba entrando no automatismo que é muito perigoso. No teatro, você se recicla e se aprofunda.
Como foi encarnar o personagem "Zé Bonitinho" na homenagem à Escolinha do professor Raimundo?
Foi muito emocionante. O que passei foi o que cada um passou. A gente virou uma turminha mesmo nesses dias. Há uma parte da gente. Tirou lá de dentro a criança que imitava cada um desses personagens. Além de todos os recursos como ator, tínhamos o fator da saudade. Isso enriqueceu muito. Por enquanto, não é nada certo ter uma segunda temporada. Porque o elenco já está todo escalado para outros trabalhos. Não é fácil. Por outro lado, a Escolinha tem potencial. Porque tem muitos personagens que não apareceram e podem ser feitos por outros atores.
Em Liberdade, liberdade, você viverá mais um vilão…
Sim. Vou fazer o Rubião. É um personagem supermal. Eu já li alguns capítulos. Os workshops vão começar.
Serviço
Selfie Quando: Hoje, às 21h, e amanhã, às 19h
Onde: Teatro RioMar
Quanto: Plateia - R$ 120 e R$ 60 (meia); Balcão - R$ 90 e R$ 45 (meia).
Informações: 4003-1212
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