Conto de fadas A incrível história do superfã que sambou com Madonna no palco e ganhou uma banana José William, 28 anos, conhecido como Madoninho, cantou, sambou e realizou o maior sonho da vida. Ele contou com detalhes a experiência

Por: Marina Simões - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/12/2015 18:00 Atualizado em: 07/12/2015 20:57

Madoninho, como é conhecido entre os fãs da cantora, coleciona CDs, DVDs, revistas e objetos relacionados a rainha do pop. Foto: Julio Jacobina/DP/D A Press
Madoninho, como é conhecido entre os fãs da cantora, coleciona CDs, DVDs, revistas e objetos relacionados a rainha do pop. Foto: Julio Jacobina/DP/D A Press

Para todo fã, o maior sonho é conhecer seu ídolo de perto. E por mais que pareça impossível, às vezes, chega o dia de brilhar. O recifense José William, conhecido como Madoninho, ainda está tomando pé de tudo o que aconteceu na Itália. Ele foi convidado pela produção de Madonna para subir ao palco durante show da turnê Rebel heart tour, em Turim, em novembro. Durante a música Unapologetic bitch, vestido de freira, ele dançou, cantou e sambou junto com a rainha do pop. À cantora ele agreceu: "Madonna, obrigado por salvar a minha vida. Você me ensinou a me expressar e não me reprimir".

Um sonho realizado e 15 minutos de fama internacional. "Apesar de ser pobre, brasileiro, nordestino, consegui realizar meu sonho. Acho que todos se sentem representados por mim", conta William, que está de volta ao Recife. "Conhecer a Madonna do jeito que conheci, nunca imaginei que aconteceria", disse. Ele compareceu a três shows da cantora, dois em Turim e um em Barcelona, na Espanha, no dia do seu aniversário de 28 anos. 

Registros do grande encontro com Madonna do palco. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Registros do grande encontro com Madonna do palco. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Sobre o encontro com a rainha do pop, ele deu todos os detalhes. Entre os momentos mais curiosos, Madoninho conta que a produção o fez mastigar vários chicletes de menta e passaram perfume nele antes de subir ao palco. Ele também precisou assinar um contrato concordando que não iria tocar no cabelo dela, falar com ela ou fazer qualquer escândalo. "Analisei cada detalhe. O sorriso, a pele, os olhos, a orelha… E fiquei chocado como ela é baixinha', contou. A cantora não costuma restringir o contato com fãs.

De Casa Amarela para o mundo. O percurso até lá foi longo e cheio de atropelos. William trabalhava como vendedor de calçados, quando pediu demissão para viajar. "Foi um sacrifício, economia do ano inteiro. Vendi roupas, picolé, sanduíche, parcelei a passagem em dez vezes". Foi um alto valor de investimento. Só de ingressos ele gastou quase 400 euros, o equivalente a R$ 2,6 mil. Ainda inclui os gastos com passagem, hospedagem, seguro de viagem e alimentação. 

A paixão de William pela rainha do pop começou depois que ele ganhou o primeiro disco, Ray of light, em 1999. Desde então, ele vem construindo um verdadeiro acervo e coleciona fotos, CDs, DVDs, revistas, jornais e artigos raros. O primeiro show de Madonna foi em 2008, na turnê Sticky & sweet. “Na época tinha 21 anos, trabalhava em uma lan house, mas pedi demissão. Era uma oportunidade única”, disse. Nesse ano, assistiu às cinco apresentações: duas no Rio de Janeiro e três em São Paulo. Em 2012, foi atrás da turnê MDNA e dessa vez levou a mãe e a avó junto. Madonna fez um show no Rio de Janeiro, dois em São Paulo e outro em Porto Alegre. "Foi muito especial viajar com elas duas. Minha mãe assistiu ao show comigo no Rio", relembra. Foi neste ano que criou a página Fãs da Madonna PE no Facebook. 

Madoninho contou, com detalhes, o passo a passo para brilhar no palco ao lado da sua musa: 



Como recebeu o convite para subir ao palco?
Estava com uma roupa similar a que Madonna usa no show. No estádio era obrigatório ficar sentado. O policiamento foi reforçado por causa de ameaças de outro atentado terrorista, após o de Paris. Por isso, mais de 800 pessoas deixaram de ir e havia vários lugares da plateia vazios. Fui sentar em um cadeira melhor e mesmo o policial mandando sair, arrisquei e continuei lá. Acabei assistindo o show sozinho. Os fãs brasileiros não conseguem ficar sentados. O policial reclamou várias vezes enquanto eu pulava, gritava e cantava. Tenho certeza que foi isso que chamou a atenção da produção. Foi quando duas mulheres da produção vieram falar comigo e me convidaram para subir ao palco. Não conseguia acreditar. 'Você sabe falar inglês? Quer subir ao palco e dançar com a Madonna?' Então, três seguranças vieram e me conduziram até a entrada do palco.

O que aconteceu no backstage?
Eu estava com a bandeira do Brasil, uma bíblia, o terço, o passaporte e celular na mão. Eles não deixaram subir com nada. O segurança ficou do meu lado e me deu um chiclete de menta. O curioso é que mal eu mastigava, ele já me dava outro, de dois em dois minutos. Acho que era para não falar com bafo perto dela. Eu assinei um papel dizendo que não podia pegar no cabelo dela, não pode tocar e nem falar com ela. Não podia gritar, falar palavrão, fazer propaganda, dar nenhum tipo de escândalo. Também colocaram perfume em mim.

Como foi a experiência de ver a Rainha do Pop de perto? 
Quando ela me viu abriu um sorriso. Foi difícil, mas consegui me controlar. Analisei cada detalhe. O sorriso, a pele, os olhos, a orelha… e fiquei chocado como ela é baixinha! Ela percebeu aquele olhar. Depois que sambo para ela, vou ao meio do palco e faço o sinal da cruz. Naquele momento estava agradecendo a Deus. Realizei o maior sonho da minha vida, que parecia impossível. Me sinto o homem mais realizado do mundo. Em toda performance ela dá um prêmio especial ao convidado e eu ganhei uma banana. Enquanto ela arrumava minha roupa eu repeti várias vezes a frase: ‘Madonna obrigado por salvar a minha vida. Você me ensinou a me expressar e não me reprimir’. No final, ajoelhei e beijei a mão dela, reverenciando a rainha. O samba foi a melhor escolha. As pessoas perguntam se foi ensaiado e combinado. Mas tudo ali foi natural. 

O que você fez com a banana que ganhou?
A banana iria estragar. Por isso, convidei nove fãs e dividi com eles. Ficou um pedacinho mínimo para cada um. Também dediquei a minha mãe e avó, pessoas que embarcaram junto comigo nessa loucura e me apoiaram. Chegaram a oferecer 100 euros na banana, mas não quis vender. 


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