Cinema
Filme faz Pernambuco reencontrar o artista Darel Valença Lins
Pernambucano que é um dos maiores nomes da gravura brasileira vive no Rio de Janeiro e atualmente produz obras de videoarte, como mostra longa-metragem exibido no Festival de Triunfo
Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco
Publicado em: 04/08/2015 19:15 Atualizado em: 04/08/2015 19:08
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| Detalhe de quadro de Darel usado no cartaz do fillme de Allan Ribeiro. Foto: Acalante/ Reprodução |
Nascido em Pernambuco, Darel Valença Lins não faz uma exposição individual no estado há 30 anos, mas simbolicamente retorna à terra natal nesta terça por meio do filme Mais do que eu possa me reconhecer, exibido nesta terça na programação do Festival de Triunfo. O documentário, dirigido pelo premiadíssimo cineasta carioca Allan Ribeiro, retrata a rotina atual do artista e foi o vencedor da Mostra de Cinema de Tiradentes.
Apesar de ser um dos maiores nomes da gravura no Brasil, Darel atualmente se dedica apenas à videoarte, como mostra o longa-metragem, totalmente filmado no apartamento onde ele mora. O artista, que está com 90 anos de idade, começou a carreira ainda adolescente, como ilustrador, quando trabalhava na Usina Catende, antes de mudar-se para o Rio de Janeiro, onde mora desde 1947.
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Com forte presença da música dos compositores György Ligeti, Olivier Messiaen, Avicci e Camille Saint-Saëns, o filme intercala imagens da vida atual de Darel com trechos de suas novas obras de videoarte. Segundo o próprio artista, um sentimento de solidão é uma característica presente nesses novos trabalhos, produzidos com relativa simplicidade técnica (a partir de pequenas câmeras automáticas) e intensa profundidade poética.
MAIS SOBRE DAREL:
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| A sensualidade feminina foi bastante captada pelas litografias de Darel |
- Participou seis vezes da Bienal Internacional de São Paulo.
- Ilustrou livros de Graciliano Ramos (São Bernardo), Guimarães Rosa (Com o vaqueiro Mariano), Carlos Drummond de Andrade (O marginal Clorindo Gato), Manuel Bandeira (Alumbramentos), Vinicius de Moraes (Não mais que de repente), Hermilo Borba Filho (Auto da mula de padre), Josué de Castro (Documentário do Nordeste) e Dalton Trevisan (A polaquinha), entre outros, além de artigos de autores como Nelson Rodrigues e Rubem Braga. Recusou-se a ilustrar livros de José Lins do Rego ("Eu só ilustrava livros que me falavam à alma").
- Recebeu elogios de Clarice Lispector e Vinicius em textos que eles escreveram para catálogos do artista.
- A última exposição individual de Darel no Recife ocorreu há 30 anos, em 1985, na extinta Galeria Futuro 25.
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| São Jorge desenhado por Darel em estudo da década de 1960 |
DEPOIMENTOS*
"Beleza e pesadelo marcam a obra de Darel. Como se podem unir estas duas palavras - só Darel sabe porque ele vive os seus sonhos, não como homem irreal, mas como um homem. Quem habita as enormes cidades senão o próprio DareI que sonha e idealiza? Sonhar e idealizar são o ideal de um homem, de uma mulher. Em Darel, além da parte artística propriamente, há uma preocupação com a totalidade do ser humano na sua plenitude. O choque impotente do indivíduo diante da máquina. As cidades escuras onde uma ou outra janela de luz acesa atestam que elas são habitadas. Psicanalisado ou não, trata-se de um grande artista e tenho o que falar no resplandecente mistério de sua obra. Dela emana, tanto da gravura quanto do óleo e do desenho, o grande mistério de viver".
Clarice Lispector
"Através de sua arte, vai Darel se libertando de seus fantasmas para benefício das artes plásticas brasileiras. É só examinar com os olhos do corpo e se possível, da consciência."
Vinícius de Moraes
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| Paisagens urbanas também foram temática recorrente em gravuras no passado |
* Publicados em catálogos do artista
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