Violência policial

Mortes em Camaragibe: 7 PMs são afastados das funções por decisão do TJPE

Eles fazem parte da lista dos 12 policiais que viraram reús por causa dos crimes ocorridos entre os dias 14 e 15 de setembro de 2023

Publicado em: 21/03/2024 13:04 | Atualizado em: 21/03/2024 14:45

Sequência de mortes aconteceu em Camaragibe  (Foto: Redes Sociais)
Sequência de mortes aconteceu em Camaragibe (Foto: Redes Sociais)
Sete policiais militares envolvidos na sequência de mortes em Camaragibe, no Grande Recife, no ano passado, foram afastados das funções após decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). 

Os sete fazem parte da lista dos 12 policiais que viraram reús por causa dos crimes ocorridos entre os dias 14 e 15 de setembro de 2023, em Tabatinga, em Camaragibe e em Paudalho, na Mata Norte do Estado. 

A ordem foi assinada pela juíza de Direito Marília Falcone Gomes, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Camaragibe, na segunda (18). 

Afastamento dos sete policiais militares que estão em liberdade provisória foi ampliado para qualquer função pública.

Com a decisão, Enquanto o processo estiver em andamento, não poderão exercer qualquer função pública os seguintes policiais:
 
Tenentes-coroneis Fábio Roberto Rufino da Silva e Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco
 
Primeiro tenente João Thiago Aureliano Pedrosa Soares
 
Segundo sargento Eduardo de Araújo Silva 
 
Terceiro sargento Cesar Augusto da Silva Roseno
 
Cabo Janecleia Izabel Barbosa da Silva
 
Soldado Diego Galdino Gomes
 
Segundo o TJPE, os PMs continuam proibidos de se comunicarem com as testemunhas das vítimas e agora também não podem se comunicar com os parentes das vítimas, de qualquer forma presencial e por qualquer meio eletrônico,  aplicativos s de mensagens e redes sociais.
 
Segundo o TJPE, a  juíza Marília Falcone Gomes entendeu que o pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) merecia ser acatado. 

“De fato, merecem prosperar os fundamentos citados, já que os citados denunciados poderão ocupar outros cargos no corpo da Polícia Militar de Pernambuco diverso daqueles que ocupavam à época dos fatos. Ademais, faz-se necessário a extensão de proibição de contato dos acusados com os parentes da vítima, por conveniência da instrução criminal. Sendo assim, ampliando a extensão das medidas cautelares já impostas na decisão, concedo as medidas cautelares diversas da prisão, no art. 319, III e VI, do Código de Processo Penal. (....) Oficie-se ao Comando Geral da Polícia Militar e à Secretaria de Defesa Social acerca da decisão, já que se tratam de servidores públicos estaduais”, relatou a magistrada na decisão. 
 
Os sete militares afastados não estão na lista dos demais cinco PMs envolvidos na sequência de mortes. 

Estão presos preventivamente: 
  
Cabo Dorival Alves Cabral Filho 
 
Cabo Fábio Júnior de Oliveira Borba. 
 
Soldado Paulo Henrique Ferreira Dias
 
Soldado Leilane Barbosa Albuquerque
 
Soldado Emanuel de Souza Rocha Júnior

Segundo o MPPE, o afastamento de apenas algumas funções públicas representam um risco para o processo e para a sociedade. “Não se afigura medida suficiente para a instrução ou a garantia da ordem pública, na medida que os referidos acusados continuam na ativa e, inclusive com a possibilidade de ocuparem outros cargos de comando, no corpo da Polícia Militar de Pernambuco, diverso daquele que ocupavam à época dos fatos. (....) Tais circunstâncias representam, sem dúvidas grave risco para a instrução criminal e para a sociedade”, alegou o órgão. 

Os promotores do caso também pediram a extensão da proibição de comunicação presencial e eletrônica com os parentes das vítimas.

Como foi o crime
 
A denúncia do MPPE considera que durante uma abordagem realizada no dia 15 de setembro por policiais militares no bairro de Tabatinga, em Camaragibe, ocorreu um confronto entre os policiais e Alex da Silva, conhecido como Alex Samurai. Na troca de tiros, morreram os PMs Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e Rodolfo José da Silva, de 38. 
 
Neste mesmo dia, Ana Letícia Carias da Silva, de 19 anos, foi baleada após ser feita de escudo durante a ação dos policiais militares. Ela morreu no Imip dias depois. O primo dela, de 14 anos, foi baleado e sobreviveu.

Depois disso, outros policiais começaram a caçar Alex e os parentes dele com o intuito de matá-los como forma de vingança.

"Diversos policiais se deslocaram até Tabatinga, sob o comando, instrução e monitoramento de oficiais da Polícia Militar, onde iniciaram uma caçada a Alex e a parentes deste, com claro intuito homicida, em vingança pela morte dos colegas", informa o texto do Ministério Público.

A denúncia ainda afirma que os oficiais da Polícia Militar Marcos Túlio e Fábio Rufino acompanharam as ações dos outros PMs contra os familiares de Alex através de mensagens e telefonemas.

Além de matar os irmãos de Alex, os agentes da polícia retiraram a mãe e a esposa dele de casa e as mataram. Os corpos de Maria José Pereira da Silva e Maria Nathália Campelo do Nascimento foram encontrados dentro de um canavial em Paudalho, na Zona da Mata.

Alex foi morto em Tabatinga por volta das 11h do dia 15 de setembro após ter reagido a uma abordagem, segundo a Polícia Militar.

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