primeiro contato

A importância da música no desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo da criança

Publicado em: 31/08/2019 15:50

Por Tio Bruninho*

 

O primeiro contato com os sons acontece ainda na gestação e a partir deste momento a música entra de forma definitiva no desenvolvimento de cada ser humano. A voz da mãe seja ela cantada ou falada, cria conexões afetivas com o seu bebê, que mesmo estando do lado de dentro da barriga é capaz de reconhecer o timbre da voz dela e reagir a seus estímulos. Por isso mesmo é tão importante que as mães cantem e ouçam músicas durante a gestação, oferecendo assim aos seus filhos uma grande gama de sons e emoções relacionadas a elas. Os bebês são naturalmente atraídos pelos sons, principalmente pela descoberta de cada um deles e de que forma eles são produzidos. A partir dos quatro meses de idade, já existem metodologias de ensino musical desenvolvidas especialmente para os pequeninos, sendo o Método Suzuki um dos mais conhecidos, nestes processos de estimulação musical para bebês, os pais têm papel fundamental no processo, uma vez que cada um  acompanha seu filho enquanto as músicas e os instrumentos musicais são apresentados. No desenrolar do ciclo de aprendizagem, a música reforça o seu papel de integrar, unir e transformar, fortalecendo vínculos entre pais, filhos e demais famílias, das mais diversificadas constituições que possam existir em um mesmo ambiente e com uma só motivação, a música.

 

A partir dos dois anos de idade, já capaz de falar e se locomover de forma autônoma, a criança que é oportunizada a um trabalho de iniciação musical, feito por um educador qualificado, potencializa o desenvolvimento da fala, já que o cantar faz parte da rotina das aulas. Além disso, o manuseio dos instrumentos musicais, especialmente os que utilizam baquetas para produzir som, aceleram a aquisição da coordenação motora fina, competência muscular que possibilita escrever, recortar, abotoar, encaixar, dentre outras habilidades.

 

O estudo de um instrumento musical de forma direcionada, geralmente tem início junto com a alfabetização escolar, entre os seis e sete anos de idade. Nesta etapa, se a criança for ou foi familiarizada com os símbolos da música e as figuras musicais, ou seja, aprendeu a ler a partitura para tocar o instrumento, milhares de conexões neurais são estabelecidas para dar conta de tanta demanda ao mesmo tempo. Isso porque as figuras musicais guardam entre si relações matemáticas de dobro e metade, além das infinitas possibilidades de junções e divisões temporais, ao mesmo tempo que o corpo reage determinando que músculos, ossos e tendões executem movimentos para interpretar no instrumento aqueles símbolos contidos na pauta, desenvolvendo e aumentando as potencialidades do raciocínio lógico e concentração, indispensáveis para conclusão de tal tarefa. Por outro lado, quando se toca um instrumento musical, a parte do cérebro ligada às emoções desperta um turbilhão de sentimentos tais como paixão, amor, nervosismo, paz, felicidade, bem como permite interações sociais preciosas, principalmente quando tocamos ou cantamos em conjunto.

 

Além de um agente potencializador no desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social, a música também é utilizada como uma ferramenta terapêutica dentro de hospitais e clínicas especializadas, esta atividade é conduzida por um profissional especializado, o musicoterapeuta, profissional que pode trazer benefícios para a saúde, como a melhora do humor e sensação de bem-estar. Estudos científicos de renomadas instituições atestam os benefícios da música na vida das pessoas, tal linguagem artística é tão universal e democrática que está presente em todas as classes sociais, religiões e até mesmo nas tribos mais remotas, que faz chorar, pular, explodir de alegria, que conta histórias de amor, que ampara decepções amorosas, celebra grandes conquistas e que nos consola nos momentos de dor e solidão. Que possamos compartilhar com as pessoas que amamos mais momentos inesquecíveis que só a música pode proporcionar. Viva a música! 

*Bruno César é músico, educador musical e professor do Conservatório Pernambucano de Música.

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