'Novo Recife'

Concluída a demolição dos armazéns do Estelita

Previsão do consórcio responsável pela obra era derrubar os galpões até a próxima terça-feira, mas antecipou o serviço

Publicado em: 01/04/2019 09:20 | Atualizado em: 01/04/2019 11:37

Última parede foi ao chão ontem à tarde, sob protesto de movimentos sociais. Foto: Anderson Freire/Esp. DP.
A demolição dos dois armazéns do Cais José Estelita foi concluída na tarde desse domingo (31). A previsão era de que o processo ocorresse até a próxima terça-feira. Com isso, encerra-se um processo iniciado no último dia 25 e que provocou uma disputa judicial entre os defensores e os críticos do projeto Novo Recife, a ser instalado no lugar por um consórcio de empresas e para onde está prevista a construção de 13 edifícios de até 38 andares. No meio da tarde de ontem, a última parede de um dos armazéns foi posta abaixo, mas as retroescavadeiras passaram o domingo em operação. Retiraram os entulhos das paredes anteriormente derrubadas, sob olhares atentos de integrantes do Movimento Ocupe Estelita, críticos do projeto, e dos motoristas que passavam pelo local.

Os manifestantes decidiram marcar posição instalando toldos brancos em frente à pracinha, próximo ao Viaduto do Cabanga. Eles programaram atividades cultural e de lazer como forma de resistência. Com a demolição finalizada, o consórcio montou um esquema para impedir o acesso de pessoas que não fossem ligadas ao processo de limpeza do terreno. De acordo com a assessoria da Moura Dubeux, uma das empresas do consórcio, a entrada não era permitida por motivo de segurança. Seria para evitar acidentes. A previsão é que hoje ocorra a limpeza final do espaço. Antes da demolição total dos dois armazéns, na última sexta-feira, o representante do consórcio Eduardo Moura, afirmou não haver pressa para isso e que o propósito era não machucar ninguém.

Esquema de segurança impediu que críticos do projeto entrassem no terreno. Foto: Anderson Freire/Esp. DP.
Uma das ativistas do Ocupe Estelita, que preferiu não se identificar, afirmou que os manifestantes decidiram deixar a área dos armazéns por segurança. Depois que o Tribunal de Justiça suspendeu os efeitos da liminar da 5ª Vara da Fazenda Pública, contrária à derrubada dos armazéns, e permitiu a continuidade da demolição na noite da última quinta-feira, o clima ficou muito tenso. “O chão começou a tremer com a ação das máquinas. Além disso, uma parede caiu e o arco que dava sustentação a um dos pilares também. Por esse motivo decidimos desocupar a área”.

No fim da tarde da sexta-feira, ao perceberem que as paredes tremiam, integrantes do Ocupe Estelita, com a autorização da polícia, retiraram os tapumes protetores dos dois armazéns em processo de demolição. O grupo desmontou as barracas colocadas próximas às paredes. Apesar do fim do acampamento, o movimento ocupou ontem a pracinha a poucos metros dos armazéns e promete retornar ao logradouro com oficinas para chamar a atenção da sociedade sobre o projeto Novo Recife, que considera destinado à parcela privilegiada da cidade. As construções demolidas estão numa área de 101 mil metros quadrados, que pertenciam a antiga Rede Ferroviária Federal. O terreno foi arrematado num leilão em 2008 pelo Consórcio Novo Recife. Durante todo esse período, o projeto foi alvo de polêmica e enfrentou resistência dos movimentos sociais.
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