Insegurança

Cremepe determina interdição ética de postos de saúde no Recife por conta de violência

Presidente do conselho fala sobre o caso nesta segunda

Publicado em: 05/11/2018 08:45 | Atualizado em: 05/11/2018 14:15

Presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Mário Fernando Lins. Foto: Alcione Ferreira/DP
O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) interditou eticamente duas unidades de saúde, no Ibura, na Zona Sul do Recife, por conta da violência na área. A medida atingiu as unidades de saúde da família Parque dos Milagres e Pantanal. Com a determinação, os médicos ficam impedidos de atender nos dois espaços. Dessa forma, os postos farão apenas serviços básicos, como o de vacinação e curativos.

O presidente do Cremepe, Mário Fernando Lins, explicou que a interdição vinha sendo discutida junto ao Ministério Público de Pernambuco e a Prefeitura do Recife desde de agosto. "O aumento da violência na comunidade levou o conselho a tomar a medida. Os médicos estão assustados e sendo aconselhados a não prosseguirem os trabalhos no local", disse.  

Em greve desde 21 de setembro, os médicos da rede municipal do Recife denunciam a falta de segurança nos postos de serviço. Em uma unidade no Ibura, na Zona Sul, teria ocorrido o sequestro de um profissional de saúde. Assaltos e agressões também são problemas rotineiros, segundo o Sindicato dos Médicos. A categoria cobra ações para evitar a criminalidade nas unidades. 

Entre as reivindicações dos médicos do Recife está a implantação de câmeras de segurança em unidades do Programa Saúde da Família. Dos 122 postos, existem equipamentos de vídeo apenas em 10. Ou seja, menos de 10% dessa rede conta com o sistema, informou o presidente do sindicato, Tadeu Calheiros, que sugere a implantação de patrulha 24 horas nas áreas da unidades de saúde e do aplicativo de celular chamado de “Sentinela”, que permitiria a ligação entre os profissionais que atuam nos postos e as autoridades policiais.
 
ABERTAS - A Prefeitura do Recife esclarece que para não prejudicar os milhares de usuários do SUS que dependem do funcionamento das Unidades de Saúde da Família em questão, elas permanecerão abertas. A ação do Cremepe foi apenas uma notificação sobre medidas que já vêm sendo tomadas pela Prefeitura do Recife para garantir a segurança das Unidades de Saúde municipais em relação à violência do entorno, como a instalação de postos de vigilância, a implantação de câmeras ligadas à Central de Videomonitoramento da Central da Secretaria Estadual de Defesa Social (SDS), fixação de grade e vidros nas portas - entre outras modificações na estrutura dessas unidades para dar mais segurança -, realização de reuniões de escuta com os profissionais com a participação da SDS, além de outras medidas.
 
A Secretaria Municipal de Saúde informa ainda que recentemente foi implantada a Ronda da Saúde, em parceria com Guarda Municipal do Recife. A Ronda da Saúde atua de forma ostensiva para contribuir na prevenção da criminalidade e na redução da violência nas Unidades de Saúde e suas proximidades, com o patrulhamento motorizado 24h, e o revezamento de 36 Guardas Municipais. A rede de saúde conta  no total com o atendimento de 233 Guardas Municipais. 
 
A Prefeitura do Recife reafirma que se mantém aberta ao diálogo com os médicos da rede municipal de saúde.  Lembra que apenas neste ano foram realizados oito encontros de trabalho com os representantes da categoria, além de um com os profissionais em greve. A paralisação dos médicos da rede municipal prejudica uma parcela importante da população do Recife, que depende do serviço público de saúde, especialmente nos bairros mais carentes.
 
A PCR reafirma também que todos os pontos reivindicados pela categoria, incluindo nesse processo a questão financeira, tiveram ações efetivas por parte da gestão nos últimos anos. A Prefeitura lembra que, de 2013 até hoje, a categoria dos médicos foi contemplada com reajuste acumulado de 32,95%, sendo o reajuste de 4,04% aplicado já em 2018, além das progressões de carreira que impactam diretamente na remuneração. 

A rede municipal de Saúde recebeu, entre 2013 e 2018, o maior volume da história em investimentos nas suas unidades de saúde. Nesse período foram aplicados cerca de R$ 251,8 milhões. A Prefeitura do Recife entregou, nesse mesmo período, 11 Upinhas, a UPA-E do Arruda e o Hospital da Mulher do Recife. Desde 2013, mais de 170 equipamentos de saúde receberam intervenção em sua infraestrutura. Atualmente existe um cronograma de requalificação em andamento. Também neste período, a PCR nomeou 846 médicos e um novo concurso já está autorizado. 
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