Evento

Parada da Diversidade lota avenida Boa Viagem

Segundo a organização, 500 mil pessoas participaram do encontro

Publicado em: 16/09/2018 19:14 | Atualizado em: 16/09/2018 19:28

“A parada não é uma celebração. A gente vem aqui para protestar, para pedir visibilidade, para mostrar que é normal ser diferente, que todo mundo tem que ser reconhecido no seu valor e nos seus direitos. Essa edição é ainda mais importante porque estamos vivendo um momento de muita violência”. Com essas palavras, Araceli Lima, assistente social da ONG Leões do Norte, deu início ao cortejo de trios da 17ª Parada da Diversidade de Pernambuco, que ocorreu na tarde de ontem, na Avenida Boa Viagem. Ao todo, 12 blocos animaram o evento, comandados por artistas como Wanessa Camargo, Michelle Melo, Banda Musa, Almir Rouche, André Rio e outros nomes do cenário local. O tema deste ano é Qual é sua plataforma? Defenda a democracia e os direitos LGBT, um convite que as pessoas questionem o grau de comprometimento dos candidatos com respeito à diversidade.

Segundo a organização, 500 mil pessoas participaram do encontro. A Policia Militar não soube precisar o número de presentes. Araceli Lima, que estava no primeiro trio da parada, do Movimento LGBT Leões do Norte, participa desde o primeiro ano. “A cada edição, estamos tendo mais adesão e mais visibilidade e é por isso que continuamos o trabalho”, ressalta. No mesmo trio, outro nome de peso no cenário LGBT pernambucano, Sarita Metálica, a primeira drag queen do Brasil a conseguir pensão após a morte do companheiro. “Fui o primeiro processo deste tipo movido por uma drag no Brasil e, em 2011, muita gente falava que eu não ia conseguir, mas consegui e estou hoje aqui para celebrar a minha história e pedir respeito e visibilidade aos direitos LGBT”, afirma a artista.

Seguindo os trios, a multidão tinha outros exemplos de luta e irreverência. Como o casal Juliano Silveira e Ricardo Arcoverde, donos da Casa de Bamba, espaço de eventos LGBT do Recife, que subiu literalmente no salto para acompanhar a parada. Ambos com botas salto 15. “A gente está celebrando o amor e isso é um protesto também porque queremos que as pessoas respeitem nosso direito de comemorar quem somos”, afirma Silveira. Outro seguidor dos trios, Luís Henrique Marques, vestido de Maria Betânia, brincava chamando os presentes para o bloco de carnaval Filhos de Betha. “A gente luta para viver o que a gente é de verdade e há três anos fundamos o bloco, que sai todo o domingo, às 12h, da Praça da Sé, em Olinda”, explica.

Um dos trios mais esperados do evento foi o trio Selva Nua, organizado por Maria do Céu, em nome do Clube Metrópole. Com a presença do candidato a deputado Túlio Gadelha, o bloco deu espaço para o brega pernambucano com shows da banda Musa, da cantora Michelle Melo e do MC Troia. Já o trio Zeus vai receber a DJ Lala K, o cantor Romero Ferro e a cantora Wanessa Camargo.  Outro trio de peso foi o de Caio Braz, que se uniu ao selo de festas Golarrolê para colocar na avenida o trio Absoluto. O recifense revezou as picapes com a Dj Allana Marques e os DJs Aslan Cabral e Xande Medeiros.

Apesar de haver policiamento, muitos arrastões foram registrados tendo como início brigas e furtos. A equipe de reportagem do Diario chegou a presenciar uma briga envolvendo policiais militares e suspeitos de um furto em que um dos policiais foi atingido na confusão e caiu no chão. O fato ocorreu ao lado do Selva Nua e a usaram o microfone do trio para pedir reforço policial para a área. Apesar dos roubos e das confusões, na delegacia de Boa Viagem não foram registrados casos de homofobia. 

A festa, que teve início às 9h com shows no Parque Dona Lindu, foi encerrada às 17h30, na frente da Padaria Boa Viagem. A abertura contou shows de Almir Rouche, André Rios e uma homenagem a Junior Barros, que há 25 anos dá vida à drag queen Vagiene Cokeluche. Ator profissional de teatro, Junior criou Vagiene Cokeluche em 1993 para fazer abertura de espetáculos. Na época, a personagem se tornou uma das pioneiras na atuação cênica LGBT do estado, junto com Gilka Brechó e Gina Purpurina. "Eu brinco que Vagiene é uma entidade, porque consigo me desprender completamente do Junior para dar vida a essa personagem, que é única", conta o ator. Interpretar uma drag queen encorajou Junior a levar a personagem para o interior do estado e militar contra a homofobia em busca do esclarecimento da população. 

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL