Hoje Protestos por moradia interditam Agamenon Magalhães, BR-101 e Cais do Apolo Movimentos cobram redução do déficit habitacional de cerca de 150 mil moradias no Recife

Publicado em: 08/11/2017 08:44 Atualizado em: 08/11/2017 13:00

Protesto interditou a BR-101 Sul, no município do Cabo de Santo Agostinho. Foto: Reprodução/ WhatsApp
Protesto interditou a BR-101 Sul, no município do Cabo de Santo Agostinho. Foto: Reprodução/ WhatsApp

Representantes de movimentos em defesa da moradia organizam, na manhã desta quarta-feira, uma série de protestos para cobrar a redução do déficit habitacional de cerca de 150 mil moradias no Recife. Participam das manifestações famílias moradoras de diversas ocupações espalhadas pelo Grande Recife, algumas delas vitimadas por incêndios que destruíram diversos barracos. Os movimentos alegam ter entregue no início do ano uma pauta de reivindicações ao governo do estado que até agora não foi cumprida.

Um dos protestos interditou, por volta das 8h, a BR-101 Sul, no município do Cabo de Santo Agostinho. A manifestação acontece em frente à sede da fábrica da Ambev. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviou uma equipe ao local. Outra manifestação acontece em frente ao Shopping Costa Dourada. De acordo com a PRF, a rodovia foi liberada por volta das 10h20. De lá, os manifestantes seguiram para a Prefeitura do Cabo, onde houve confronto com a Polícia Militar, com disparos de bala de bala de borracha e spray de pimenta. Uma menina foi atingida por uma bala de borracha e foi socorrida por populares. Segundo os manifestantes, a criança foi ferida de raspão e passa bem.

 

No Recife, a concentração aconteceu no bairro do Campo Grande, contando com famílias de moradores da ocupação Lutadores de Campo Grande e do terreno da Compesa de Peixinhos, em Olinda. Por volta das 9h50, queimando pneus e entulhos, os manifestantes interditaram a Avenida Agamenon Magalhães nas imediações da comunidade Construindo Sonhos, no bairro do Torreão, no sentido Olinda- Boa Viagem. Outro ponto de bloqueio acontece nas imediações do Shopping Tacaruna. A via foi totalmente liberada por volta das 10h30. De Lá, os manifestantes seguiram em caminhada pela Agamenon no sentido Boa Viagem. De acordo com a CTTU, durante o trajeto, o grupo teria interditado o cruzamento com a Rua Henrique Dias, por volta das 11h30 e em seguida, o cruzamento entre as ruas Frei Matias Teves e Doutor João Asfora, na Ilha do Leite, às 12h15. Um grupo espera ser recebido pela Superintendência da Caixa Econômica Federal (CEF).

 

Às 10h30, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) interditaram a Avenida Cais do Apolo, em frente à sede da Prefeitura do Recife. Ateando fogo em pneus e bloqueando a faixa no sentido centro, eles reivindicam que o dinheiro do auxílio moradia seja passado direto pra eles, sem passar pela prefeitura. Os manifestantes exigem a presença de um representante do governo municipal e ameaçam derrubar as grades do prédio. Agentes da Autarquia de Trânsito e Transportes Urbanos (CTTU) estão desviando o tráfego e bloquearam o sentido Recife Antigo. Os motoristas que vêm da Avenida Norte precisam fazer retorno pela Rua da Aurora. Está sendo liberada apenas a passagem dos servidores públicos.

"Hoje é um dia de mobilização nacional. Cerca de 20 estados estão realizando manifestações contra esse descaso do governo federal que reduziu em cerca de 80% o orçamento do Minha Casa Minha Vida para 2018. Até o momento o governo não recuou um milometro e essa semana o ministro Bruno Araújo deu entrevista dizendo que o programa está 'a todo vapor', mas para a classe média alta e para as grandes construtoras. Nós que fazemos a luta pela moradia da população de baixa renda até agora não recebemos nada. Das 700 mil casas que o governo lançou, sendo 350 na área rural e 350 na na área urbana, até o exato momento, não publicou essa casas para a comunidade de baixa renda. Paramos as vias na Agamenon, na Cais do Apolo e Cabo como forma de externar a nossa indignação", disse Marcos Cosmo, coordenador estadual do MTST.

Integrantes do MTST interditaram a Avenida Cais do Apolo, em frente à sede da Prefeitura do Recife. Foto: Isabella Veríssimo/ Esp. DP
Integrantes do MTST interditaram a Avenida Cais do Apolo, em frente à sede da Prefeitura do Recife. Foto: Isabella Veríssimo/ Esp. DP

 

Desde cedo, a Polícia Militar se posicionou na Avenida Agamenon Magalhães, na altura da sede da Companhia Estadual de Habitação (Cehab), no cruzamento com a Rua Odorico Mendes, para evitar a interdição da via. O mesmo aconteceu nas imediações da Praça do Derby e na Avenida Norte, tradicionais pontos de manifestação dos sem teto. Ainda nesta terça-feira, os sem teto pretendentem seguir até o bairro do Derby, onde será realizado um ato em defesa dos bancos públicos.

Outros protestos - No dia 24 de outubro, manifestantes bloquearam a Avenida Agamenon Magalhães, no sentido Olinda, na altura do Hospital Português, no bairro da Ilha do Leite. As faixas principal e local da via foram fechadas. Antes, a manifestação interditou o cruzamento da Avenida Frei Matias Teves com a Rua Doutor João Asfora, no bairro do Paissandu. O ato foi realizado por integrantes do Movimento Nacional de Luta por Moradia. Eles reivindicaram verbas para o Programa Minha Casa Minha Vida. Queimando pneus, os manifestantes pediram uma reunião com Izabel Urquisa, coordenadora dos programas de habitação do Ministério das Cidades no Nordeste.

No dia 20 de outubro, representantes de movimentos em defesa da moradia cobraram diálogo com o governo do estado e um encontro com o governador Paulo Câmara. Na ocasião foram anunciados o lançamento da Jornada de Lutas em Pernambuco em favor da Moradia Digna, com protestos surpresa; a adesão dos movimentos de moradia à Campanha de Revogação da Reforma Trabalhista do Governo Temer e foram apresentados os números dos movimentos e da quantidade de cidadãos e cidadãs em situação de falta de moradia no estado.
No dia 11 de outubro, Movimentos de luta por moradia em Pernambuco realizaram uma série de atos na Região Metropolitana do Recife. De acordo com Rud Rafael, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Brasil, cerca de cinco mil pessoas, moradoras de ocupações de toda a Região Metropolitana do Recife participaram da manifestação, que marcou a mobilização em Pernambuco pelo Dia Mundial do Habitat, comemorado em quatro de outubro. "Nossa reivindicação é contra a decisão do governo federal, que encaminhou um orçamento que não prevê para 2018 recursos para a faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, uma que beneficia pessoas com faixa salarial de zero a três salários mínimos, justamente as que mais precisam de moradia e onde está concentrado o deficit habitacional", detalha Rud. Segundo ele, atualmente cerca de cem mil famílias lutam por moradia no Grande Recife.



MAIS NOTÍCIAS DO CANAL