Leitura Festival leva leitura e contação de histórias à comunidade do Coque 1ª Festa Literária do Coque muda rotina e promove atividades em locais como a antiga Praça dos Cavalos, numa ferramenta de libertação

Por: Marcionila Teixeira - Diário de Pernambuco

Publicado em: 23/11/2017 06:59 Atualizado em: 23/11/2017 16:12

Pode parecer corriqueiro para alguns, mas promover leitura e contação de histórias em um bairro pobre como o Coque é uma ferramenta de libertação. Foto: Shilton Araújo/Esp.DP (Pode parecer corriqueiro para alguns, mas promover leitura e contação de histórias em um bairro pobre como o Coque é uma ferramenta de libertação. Foto: Shilton Araújo/Esp.DP)
Pode parecer corriqueiro para alguns, mas promover leitura e contação de histórias em um bairro pobre como o Coque é uma ferramenta de libertação. Foto: Shilton Araújo/Esp.DP


A Praça Ator Barreto Júnior, no Coque, já foi conhecida como a Praça dos Cavalos. Na época, funcionava como uma espécie de curral. Além dos animais explorados em carroças, só tinha mato e abandono. Nos últimos dois dias, o espaço abrigou algo inusitado: duas tendas e, sob elas, livros e muitas crianças ouvindo histórias ao ar livre. O cenário surgiu durante a 1ª Festa Literária do Coque - a literatura como direito da comunidade. Pode parecer corriqueiro para alguns, mas promover leitura e contação de histórias em um bairro pobre como o Coque é uma ferramenta de libertação.

Foi assim com o estudante Josafá José dos Santos, 16 anos. Somente aos oito anos ele aprendeu a ler e escrever. Na escola pública onde estudava quando criança, a bagunça não deixava o menino conhecer as letras. A descoberta do prazer da leitura aconteceu na Biblioteca Popular do Coque, criada há dez anos por organizações que desenvolviam a cidadania na comunidade. A equipe da biblioteca foi a responsável pela festa literária. “Quando leio, é como se a história estivesse realmente acontecendo. É como um filme passando na mente”, explicou Josafá. Rafael Andrade, mediador de leitura da biblioteca e estudante de letras, compartilha desse pensamento. “O leitor se coloca no lugar do personagem e pode viver outras histórias”, pontua. 

O Coque tem oito escolas, sendo duas privadas e seis públicas. Os estudantes foram convidados a participar da festa. “Muita criança fica na rua quando não está na escola. O bairro é muito carente de cultura. Amei a iniciativa”, disse a dona de casa Andréa Tomé, 40, mãe de Lindinaldo, 8, um dos participantes da feira.

A ideia é formar uma comunidade leitora. Quando foi criada, a biblioteca popular era praticamente a única do bairro. As mais próximas estavam em Afogados e no Centro do Recife. As poucas que existiam no Coque eram como “depósitos de livros” e não tinham funcionalidade. O espaço conta com 2,1 mil volumes de literatura, além de gibis. A média de empréstimo é de até 300 por mês. 
Nos dois dias de festa, crianças e adultos tiveram acesso gratuito a contação de histórias, adoção de livros e oficina de fanzine. Teve conto indígena, africano, de fadas e assombração. As experiências aconteceram na Creche Mãezinha do Coque, Biblioteca Municipal do Coque, Biblioteca Popular do Coque, Núcleo Educacional Irmãos Menores de Francisco de Assis e Praça Ator Barreto Júnior.



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