PERNAMBUCO Fama causada pelos ataques de tubarão pode ser explorada em aspectos turísticos e culturais Com os maiores índices de ataques de tubarão nos últimos anos, África do Sul, Austrália e Estados Unidos conseguem tirar proveito da presença dos tubarões na costa e tornam esse aspecto um atrativo turístico

Publicado em: 20/11/2017 21:14 Atualizado em: 20/11/2017 22:30

Neste mês, o primeiro ataque de tubarão no Recife completou 25 anos. Foto: Shilton Araujo/Esp.DP (Neste mês, o primeiro ataque de tubarão no Recife completou 25 anos. Foto: Shilton Araujo/Esp.DP)
Neste mês, o primeiro ataque de tubarão no Recife completou 25 anos. Foto: Shilton Araujo/Esp.DP


As placas dispostas na orla marítima do Recife são um atrativo para turistas como os cariocas Alberto Silva de Moraes, 40, e José Renato Antunes, 58. A equipe do Diario encontrou ambos fotografando os alertas e publicando as imagens em redes sociais. “Botei no grupo de WhatsApp uma foto e perguntei quem queria tomar banho. Em seguida, postei as fotos das placas do tubarão”, brincou Renato.

Com os maiores índices de ataques de tubarão nos últimos anos, a África do Sul, Austrália e Estados Unidos conseguem tirar proveito da presença dos tubarões na costa e tornam esse aspecto, considerado inusitado por visitantes, um atrativo turístico. Em Gansbaai, a 167 km da Cidade do Cabo, na África do Sul, por exemplo, é possível mergulhar em uma gaiola para ver tubarões-brancos. As opções de passeio para entrar em contato com os grandes predadores do mar custam a partir de R$ 430 e movimentam a economia local. 

Em Pernambuco, fazer esse tipo de exploração turística é mais difícil, pois as águas são turvas. Mas, de acordo com especialistas, há outras formas de tirar proveito econômico dos tubarões. “O estado aproveita pouco esse potencial. Existem muitas oportunidades na área de serviços. É preciso, primeiro, quebrar o paradigma na população de que não é negativo fazer essa exploração comercial. Poderia haver, por exemplo, passeios que explicam as características dos tubarões, pois existe interesse dos turistas, que acham esse aspecto da cidade inusitado e curioso”, pontua o analista de atendimento do Sebrae João Paulo Andrade, produtor da cerveja artesanal Sharkbrew (algo como fermentação de tubarão, em inglês).

Em boxes da Casa da Cultura e barracas da Feirinha de Boa Viagem, itens relacionados a tubarões estão entre os mais procurados. De acordo com a vendedora Joselia Albuquerque, as camisetas com estampa de tubarão fazem sucesso principalmente entre as crianças. “Os estrangeiros e as crianças são os que mais gostam. Os recifenses, não. Dizem que nem deveria ter uma estampa assim”, conta.

O potencial pernambucano já foi explorado inclusive pela editora norte-americana Marvel. Na edição brasileira da revista em quadrinhos Wolverine, a personagem Iara dos Santos, a primeira X-Men pernambucana, foi apresentada ao público. A história, lançada nos EUA em 2012, começa no Recife, onde a menina descobre ser uma mutante com superpoderes que a transformam em uma “Garota Tubarão” (Shark Girl). “O fato de a cidade ter tubarões pode ser comum para os recifenses, mas para o turista é curioso, inusitado e gera interesse comercial. Poderíamos ter um museu que mostrasse essa história”, ressalta João Paulo. Em Fernando de Noronha, há o Museu dos Tubarões.

Em uma tentativa de desmistificar a Praia de Boa Viagem e começar a explorar esse nicho, a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife criará um Centro de Atendimento ao Turista Ambiental (CAT). O equipamento terá vídeos, fotos e informações sobre tubarões. “Há uma curiosidade, é um fato. Vamos contratar um museólogo, para explorar a temática de forma consciente, segura”, detalha a secretária Ana Paula Vilaça. O equipamento funcionará no 2º Jardim de Boa Viagem e começará a ser construído no primeiro semestre de 2018. 

A fama, de certa forma, atinge o potencial turístico dos outros atrativos das praias. “Numa das maiores feiras do setor no Brasil, neste ano, fizemos uma ação voltada só para a Praia de Boa Viagem. Lá tem mais do que o banho de mar, tem a experiência do caldinho, as práticas esportivas… Estamos fazendo uma campanha para o recifense divulgar e valorizar a orla como atrativo”, explica a secretária de Turismo, Esportes e Lazer da capital, Ana Paula Vilaça.


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