Urbanismo Seminário avalia preservação do patrimônio histórico do Recife Recife possui, atualmente, 33 zonas e 258 imóveis especiais que estão sob preservação. Desse total, cerca de 100 já receberam notificações ou multas no ano passado

Publicado em: 20/09/2017 11:05 Atualizado em: 20/09/2017 12:42

Seminário avalia preservação do patrimônio histórico do Recife. Foto: Tatiana Ferreira/ Esp. DP
Seminário avalia preservação do patrimônio histórico do Recife. Foto: Tatiana Ferreira/ Esp. DP

Arquitetos e especialistas em urbanismo estão reunidos nesta quarta-feira para discutir a preservação do patrimônio cultural do Recife. O I Seminário sobre a Preservação Cultural do Recife acontece no Museu da Cidade do Recife, no Forte de Cinco Pontas, no bairro de São José. A intenção dos organizadores é trazer um olhar mais técnico sobre o cenário recifense. Ontem, equipe da Secretaria de Planejamento Urbano do Recife (Seplan) realizou um passeio de barco pelas águas do Capibaribe para avaliar melhor a paisagem urbana da cidade.

De acordo com o secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, o evento é um marco para o progresso de políticas públicas visando a proteção dos patrimônios históricos e culturais. Ele espera que o momento repense a cidade e revise a legislação. Isso tudo a partir da troca de experiências com os profissionais de outros estados. "É o ambiente propício para vermos o que está dando certo e errado por aí. Então, poderemos agregar ideias e melhorar nossas práticas", complementou.

A arquiteta, professora e diretora de cultura do Instituto de Arquitetos do Brasil (ITB), Cêça Guimaraens, é recifense. Só que mora no Rio de Janeiro há 40 anos. Ela está na sua capital de origem há quatro anos e já nota muita semelhança com a cidade onde mora. "Os erros são os mesmos. E, quanto mais há buracos na proteção do patrimônio, mais a cidade é tomada por arranha céus", comentou. Ela pretende levantar a questão sobre a responsabilidade de preservar a história da cidade. "A história não pode ser usurpada pelos interesses econômicos das construtoras", acrescentou.

O Recife tem, atualmente, 33 zonas e 258 imóveis especiais que estão sob preservação. Desse total, cerca de 100 já receberam notificações ou multas no ano passado para cá. Visto essa proporção, segundo o secretário Alexandre, ainda há muito o que mudar na consciência dos proprietários sobre a importância de respeitar os patrimônios materiais. "É a preservação desses espaços que constroem o laço afetivo do cidadão com o lugar onde mora", pontuou Alexandre.

Muitas vezes, de acordo com a diretora de Preservação do Patrimônio Cultural, Lorena Veloso, vender propriedades protegidas é como uma sentença de morte para os empresários. Ainda paira pelo imaginário deles que não passa de uma dor de cabeça, "afinal não poderá mudar nada no lugar". Mas não é bem assim. Segundo Lorena, é o contrário: ter um terreno com área de preservação histórica e cultural agrega valor à propriedade.

Para mudar essa concepção equivocada, o secretário Alexandre elenca o incentivo como um dos pilares. Por exemplo, dependendo do porte da propriedade, a isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pode chegar a até 10 anos. E, inclusive, se o dono comprovar estar realizando melhorias no espaço pode ter o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) restituído.

Isso tudo para que os proprietários cumpram com as funções culturais, de lazer, turísticas e educativas que são exigidas. "Dizem que o recifense é bairrista. Isso tem o lado positivo: amar e ter orgulho da sua cidade. Visando isso, pretendemos ampliar o debate sobre a identidade do Recife a fim de torná-la, cada vez mais, nossa", contou o secretário Alexandre.

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