Olinda Moradores do prédio que desabou parcialmente passam a ocupar outra edificação em Jardim Fragoso Muitos imóveis no bairro são vazios por causa evacuação dos moradores após uma série de interdições

Por: Anamaria Nascimento

Publicado em: 11/08/2017 21:14 Atualizado em: 11/08/2017 21:27

O edifício, que por causa dos danos, ficou escorado em um prédio vizinho, foi isolado para realização de perícia. Foto: Shilton Araújo/Esp.DP.
O edifício, que por causa dos danos, ficou escorado em um prédio vizinho, foi isolado para realização de perícia. Foto: Shilton Araújo/Esp.DP.
A Defesa Civil de Olinda vistoriou nesta sexta-feira o Edifício Agave, que partiu ao meio e desabou na noite da última quinta-feira, no bairro de Jardim Fragoso. As seis famílias que ocupavam o imóvel serão cadastradas pela prefeitura, que vai apurar se elas já recebem algum auxílio-moradia. Os 20 ocupantes do prédio do número 561 da Rua Martiniano de Barros viviam nele irregularmente desde que o edifício tipo caixão foi desocupado pelos proprietários há mais de 10 anos depois de a estrutura ser condenada. Depois de deixarem o Agave, as famílias que viviam no local se mudaram para outro condomínio abandonado do bairro.

A babá Neide de Oliveira, 41 anos, que escutou estalos no prédio na noite em que ele ruiu, disse que não tem para onde ir e por isso vai se arriscar novamente em um imóvel condenado pela Defesa Civil. “Perdi praticamente tudo que eu tinha. Não tenho mais cama, guarda-roupa, armários, sofá e até meus documentos. Se eu tivesse um lugar adequado para ir, iria, mas tenho que seguir com meus vizinhos para esse outro prédio condenado”, disse.

As causas do desbamento parcial ainda não foram identificadas. No momento da queda nenhum morador estava em casa. Ninguém ficou ferido. “Toda noite eu orava e pedia a Deus que me desse um sinal se esse prédio fosse cair. No sábado passado ouvi uns estalos. Avisei aos vizinhos e dormimos na rua, em frente ao prédio. Na quinta-feira, ouvi de novo. Novamente avisei e começamos a tirar as coisas de casa. Foi quando caiu”, contou Neide.

O pedreiro Nilson Sobral, 38, que morava no segundo andar do prédio reconheceu que se não fosse o aviso da vizinha, uma tragédia teria acontecido. “Ela comentava que pedia um sinal a Deus e que estava ouvindo uns estalos, mas muitos achavam que ela tava doida. Só ela escutou. Se não fosse isso, estaríamos lá dentro e a história poderia ser muito pior”, disse.

O edifício, que por causa dos danos, ficou escorado em um prédio vizinho, foi isolado para realização de perícia. No entanto, na tarde da sexta-feira, como não havia vigilância, muitos moradores entravam para tentar tirar objetos de dentro dos apartamentos. A expectativa é que o imóvel seja demolido. A Prefeitura de Olinda informou que a Defesa Civil do município fará um levantamento para identificar as famílias que ocupavam irregularmente o imóvel.

“A partir disso, vamos descobrir se elas já recebem algum subsídio do governo. Elas também serão orientadas a procurar o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS 6)”, respondeu. O CRAS6 fica na Avenida Carlos de Lima Cavalcante, 153, Bairro Novo. Informações podem ser obtidas também pelo telefone (81) 3439-6052.

Histórico
Muitos prédios no bairro de Jardim Fragoso são vazios por causa evacuação dos moradores após uma série de interdições que tiveram como ponto de partida o desabamento do Conjunto Enseada de Serrambi (sete mortos e 11 feridos) e do Edifício Éricka (quatro mortos), em 1999. São prédios no estilo caixão, construídos nas décadas de 1980 e 1990, e que têm problemas de engenharia.

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