Solidariedade Campanha Todos com David ganha reforço Defensora pública aposentada pinta vasos de barro que serão vendidos para arrecadar recursos. Auditor necessita de transplante de intestino nos EUA

Publicado em: 14/08/2017 19:36 Atualizado em: 14/08/2017 23:20

Mônica vai reverter valor arrecadado para custeio de despesas médicas do auditor. Foto: Ricardo Fernandes/DP
Mônica vai reverter valor arrecadado para custeio de despesas médicas do auditor. Foto: Ricardo Fernandes/DP
A campanha Todos com David, do auditor júnior David Nilo da Silva, 35 anos, em busca de um transplante de intestino nos Estados Unidos, ganhou um novo reforço. Sensibilizada pela luta do paciente, a defensora pública aposentada Mônica Barros, 56 anos, passou a pintar vasos de barro, que serão vendidos em prol da campanha. O valor arrecadado com a venda será integralmente doado ao auditor. Um evento deve acontecer em setembro na sede da Defensoria Pública de Pernambuco, no bairro da Boa Vista, para vender os jarros. Neste sábado, a família de David realiza uma panfletagem na Avenida Boa Viagem para sensibilizar a sociedade e pedir doações. O ato acontecerá a partir das 9h em frente ao edifício Acaiaca.

Depois de ter lido reportagens sobre o caso, Mônica Barros decidiu usar o tempo livre adquirido com a aposentadoria em favor de David. Mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, ela está passando as madrugadas pintando os vasos com flores e estrelas para vendê-los e arrecadar cerca de R$ 10 mil com a venda. “O que mais me chamou a atenção foi a serenidade de David ao falar sobre o que está passando. Não vi desespero ou vitimização e achei encantador”, disse a defensora pública.

No último sábado, ela viajou até Tracunhaém, na Mata Norte do estado, para comprar os jarros de barro. Os 100 vasos foram comprados com o dinheiro de uma doação da defensora pública Ludja Rocha Ribeiro. “Vou pintar todos até o dia 28, quando será marcado o evento para a venda deles”, contou. Cada unidade será comercializada por R$ 100.

A Defensoria Pública de Pernambuco já estava prestando apoio judicial e extrajudicial ao paciente, que precisa juntar R$ 5 milhões para custear o tratamento. O pedido para que a União custeie o tratamento, que precisa ser feito nos Estados Unidos, foi ajuizado pela equipe de juristas que acompanha de perto o caso (a Defensoria Pública de Pernambuco e o advogado da família). A ação será julgada pela 12ª Vara da Justiça Federal, e a expectativa é de que o pedido liminar possa ser acatado, considerando o sucesso de um pedido anteriormente realizado, para outro paciente, em 2015. “A União está alegando que ele deve fazer a cirurgia no Brasil, mas aguardamos decisão favorável do juiz”, disse a esposa de David, a assistente financeiro Isabella Protásio.

David Nilo descobriu uma isquemia intestinal em 21 de junho deste ano e, em consequência do quadro, perdeu o intestino delgado e parte do grosso. Há 15 dias ele está sendo tratado em casa por home care, se alimentando pela veia, enquanto espera juntar R$ 5 milhões para pagar o transplante no Jackson Memorial Hospital, de Miami.

Ele fez uma cirurgia bariátrica há três anos, o que pode ter levado ao quadro, considerado raro. A isquemia intestinal, como outras isquemias, tais como derrame (cérebro) e infarto (coração), ocorre pela falta de sangue no órgão. Geralmente, é ocasionado por doenças como diabetes e hipertensão ou por maus hábitos, como fumo. Por isso, são mais comuns em idosos. Após a perda do intestino, existem dois caminhos: conviver com a nutrição pela veia (uma vez que há a falência do órgão e a alimentação pela boca fica inviável) ou fazer o transplante. No Brasil, não há um protocolo do Ministério da Saúde para a realização do transplante.

A taxa de sucesso do tratamento nos Estados Unidos é de 90%, enquanto no Brasil todas as tentativas de transplantes semelhantes falharam.  Além de dinheiro para custear o tratamento, David precisa de verba para levar a família a Miami. Ele deve passar um período de dois anos nos Estados Unidos, desde a preparação até o acompanhamento para evitar a rejeição do órgão após o transplante. Para isso, precisará do suporte de terceiros.

Outro caso

Em 2015, a família do estudante Weverton Fagner de Medeiros Gomes, hoje com 20 anos, deu início a uma campanha semelhante a de David. Depois da descoberta de uma trombose no intestino, o morador de Vitória de Santo Antão, Mata Sul do estado, contou com doações para fazer o tratamento nos Estados Unidos. Ele passou dois anos em Miami e voltou a Pernambuco em julho. Na última quarta-feira, porém, o órgão transplantado precisou ser retirado.

A campanha para Weverton conseguiu arrecadar R$ 500 mil, valor que foi usado com as despesas dos pais dele nos Estados Unidos. Já a cirurgia foi custeada pelo Ministério da Saúde, acionado pela Justiça Federal. A operação aconteceu em fevereiro de 2016. Ele havia sofrido uma trombose que atingiu  90% do intestino.

Após os esforços para conseguir o transplante, a luta da família teve que recomeçar. Weverton está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em coma induzido, ele se recupera da cirurgia para a retirada do intestino transplantado nos Estados Unidos. O procedimento foi necessário depois que a rejeição do organismo ao órgão ter causado uma infecção que teria se alastrado para o pulmão do paciente.

“Devido a complicações da rejeição, o órgão, que não estava mais com funcionalidade, foi retirado. Vamos continuar orando para que Deus nos ajude e ajude o nosso Weverton. Esperamos superar essa fase e pedimos forças a Deus para recomeçarmos”, escreveu o pai do estudante, Ubirajara Gomes, na página Força Weverton, criada no Facebook.

Campanha Todos com David

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