Educação Inclusão do frevo na grade curricular considera características regionais e locais

Por: Anamaria Nascimento

Publicado em: 22/05/2017 08:35 Atualizado em: 22/05/2017 09:01

Inclusão do frevo na grade curricular considera características regionais e locais . Foto: Alcione Ferreira/DP
Inclusão do frevo na grade curricular considera características regionais e locais . Foto: Alcione Ferreira/DP
Frevo não é só música que se ouve e compasso que se dança. Em muitas escolas públicas de Pernambuco, frevo é assunto que se aprende brincando e se torna sério ao ser cobrado em exercícios de casa e em provas. A partir do principal ritmo do carnaval pernambucano, reconhecido em 2012 pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade, professores trabalham conceitos de várias disciplinas. Em sociologia, as transformações sociais são estudadas analisando cenas dos carnavais de antigamente. O frevo pensado a partir das relações com a comunidade afrodescendente, desde as origens até a atualidade, aparece nas aulas de história. Por meio do vocabulário carnavalesco, com palavras como “evoé”, “abafo” e “abre-alas”, peculiaridades da língua portuguesa são trabalhadas.

A inclusão do frevo na grade curricular das escolas pernambucanas revela uma preocupação de professores e gestores com o que prevê a legislação educacional do país. O artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) exige que o currículo do ensino básico brasileiro leve em consideração características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos estudantes. Assim, o ensino de expressões artísticas regionais constitui um componente curricular obrigatório em todas as etapas escolares, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.

Uma solução encontrada por professores das redes públicas para trabalhar o assunto junto aos estudantes é a partir de visitas ao Paço do Frevo, espaço localizado no Bairro do Recife e dedicado à difusão, pesquisa, lazer e formação nas áreas da dança e música do frevo. Para escolas públicas, a visita a gratuita e pode ser feita para grupos de até 50 pessoas mediante um agendamento pelo e-mail agendamento@frevo.org.br. “Todas as atividades e vivências oferecidas envolvem processos lúdicos e foram pensadas coletivamente por uma equipe de historiadores, pedagogos e turismólogos”, explica a coordenadora do núcleo educativo do Paço do Frevo, Vanessa Marinho.

Foi a partir da história do frevo que a professora de português Paula Mendes, da Escola Estadual 10 de Agosto, em São Lourenço da Mata, trabalhou a valorização do patrimônio. “Estamos desenvolvendo um projeto de cuidado com a escola chamado ‘Minha escola é dez’, onde combatemos a depredação no ambiente escolar. Fomos ao Paço do Frevo para que eles aprendam que, quando conhecemos e valorizamos algo, não acabamos com ele. É assim com o frevo e pode ser assim com a escola”, afirma. “Poder passear pelos diferentes espaços do museu, ver de perto a evolução do carnaval e brincar com as palavras foi muito empolgante. Aprendemos a valorizar nossa história e nossa cultura”, conta a estudante do terceiro ano do ensino médio Vitória Pereira, 16.

Museu nas escolas

Se as escolas não forem ao Paço do Frevo, o Paço do Frevo vai até as escolas. Ainda este ano, o espaço cultural deve ganhar uma versão móvel e “sair” do Bairro do Recife para visitar unidades de ensino. O projeto Frevo itinerante: o museu vai às comunidades foi um dos aprovados no último edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE). O aporte financeiro de R$ 51 mil já foi garantido, mas a liberação da verba é aguardada para a ação sair do papel. “A ideia é levar as atividades que já desenvolvemos aqui diretamente para as escolas. As unidades que vão receber o projeto, porém, ainda não foram mapeadas”, adianta Vanessa Marinho.

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