Menos de um mês Em Vitória de Santo Antão, mais uma transexual é assassinada Vítima foi alvejada por três disparos, mas delegacia da região não deu mais detalhes. Este é o segundo homicídio contra uma mulher transgênero no município, em menos de um mês

Por: Luis Fernando Motta - Estado de Minas

Publicado em: 29/04/2017 18:26 Atualizado em: 29/04/2017 18:42

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press.
Ricardo Fernandes/DP/D.A Press.

Uma transexual foi assassinada na madrugada deste sábado (29) no bairro de Águas Brancas, em Vitória de Santo Antão, zona da mata de Pernambuco. A vítima foi alvejada por disparos de uma pistola calibre 38. Segundo o 21º Batalhão da Polícia Militar (BPM), um irmão da vítima teria prestado depoimento para as investigações do crime horas após o assassinato. O caso foi encaminhado para a delegacia do município, que não atendeu às ligações do Diario de Pernambuco até o fechamento desta matéria. A autoria do crime ainda é desconhecida.

Este é o segundo assassinato que vitimiza uma mulher transgênero em Vitória em um intervalo de cerca de um mês. O outro caso aconteceu no Loteamento Luiz Gonzaga, área urbana do município, na madrugada do último domingo de março (26). A vítima de 40 anos de idade, identificada como Uilca, foi esfaqueada três vezes, os golpes atingiram seu pescoço, costas e abdômen.

Os crimes alimentam a estatística que amedronta a população transgênero brasileira. Segundo a organização não-governamental Transgender Europe, de 2008 a 2014, 604 travestis e transexuais foram assassinadas só no Brasil. O que torna o país líder no índice de crimes de ódio contra a população transgênero. O reflexo da violência que sofrem é ratificado pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que divulgou que a expectativa de vida desse segmento populacional é de apenas 35 anos, menos da metade da média nacional, que é de 75,5 anos.

O crime de ódio contra uma travesti mais recente a ganhar notoriedade nacional foi o que pôs fim à vida de Dandara dos Santos, assassinada a tiros após uma série de agressões físicas que incluíram chutes e golpes com pedaços de madeira. O caso aconteceu no Ceará, em fevereiro deste ano e tomou grandes proporções após um vídeo da vítima sendo espancada começou a ser compartilhado nas redes sociais.

O Grupo Gay da Bahia, mais antiga instituição de combate à violência sexual e de gênero no Brasil, revelou que 2016 foi um ano que vitimou mais de 300 pessoas integrantes da comunidade LGBT. A organização divulga anualmente um relatório contendo dados sobre a violência que essa parte da população sofre. O estudo mais atual aponta que a maior parte das agressões, que incluem tiros, facadas, asfixia e espancamento, resultam em morte e ocorrem em via pública.            
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