Recife Antigo A ilha em transformação Liberação de alvarás para reforma de prédios no bairro em 2016 e neste ano mostra crescimento de projetos

Por: Tânia Passos - Diário de Pernambuco

Publicado em: 30/04/2017 13:56 Atualizado em: 30/04/2017 14:48

Foto: Peu Ricardo/Esp.DP
Foto: Peu Ricardo/Esp.DP

Uma paisagem que vem se tornando cada vez mais comum no Bairro do Recife. Prédios antigos cobertos pelas mantas usadas na construção civil. Nos últimos cinco anos não se viam tantos edifícios sendo restaurados, quase simultaneamente, segundo a prefeitura. Em 2016, a Diretoria de Controle Urbano (Dircon) autorizou 56 alvarás de reforma. Neste ano, foram 11 até agora.

Um novo bairro se descortina
O desafio de trazer moradores

Um deles, um dos mais belos exemplares da arquitetura neoclássica, fica na Rua Marquês de Olinda, esquina com a Rua Mariz e Barros. Em dezembro do ano passado o Diario registrou a situação de degradação do imóvel, que já está sendo recuperado pela empresa de seguros Excelsior. O empreendimento será oferecido ao mercado para atividades de uso misto.

A reforma iniciada no início do ano vai transformar os três pavimentos existentes em cinco. Segundo o engenheiro responsável pela obra, Eddie Pinto, a ideia é aproveitar a altura de seis metros por pavimento e colocar lajes em um teto de até três metros. “Os prédios antigos têm uma altura de pé direito de até seis metros, o que permite uma nova modelagem para otimizar o espaço”, revelou.

Foi no ano de 2002 que o empresário Fernando Neves adquiriu a casa de nº 140 na Rua da Moeda. Após a reforma foi inaugurada uma galeria no espaço em maio de 2005. Oito ano depois, em 2013, o empresário e os sócios ampliaram a área de funcionamento com a aquisição de uma casa na Rua Tomazina. “Nesse processo não tivemos qualquer incentivo do setor público. Pelo contrário, por falta de uma definição objetiva de como proceder nas reformas (em área tombada pelo Iphan), tivemos que ultrapassar barreiras burocráticas para cumprir todas as exigências que surgiam a cada etapa”, revelou o empresário.

Foto: Peu Ricardo/Esp.DP
Foto: Peu Ricardo/Esp.DP


De acordo com o secretário de Planejamento do Recife, Antônio Alexandre, os incentivos previstos em lei dizem respeito a descontos nos tributos como Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre Serviço (ISS). “Esses incentivos dependem de uma reforma completa ou parcial e no caso de o empreendedor adquirir um imóvel para reformar, ele pode solicitar também a restituição do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) pago na transferência da escritura”, disse.

Para o arquiteto e urbanista Geraldo Marinho, a entrada da iniciativa privada no restauro dos imóveis, nas atuais proporções, e ainda sem apoio do poder público, é um fenômeno.“O que havia antes era uma alta especulação para valorar o imóvel, aguardando que aparecesse um comprador com um preço mágico. Essa movimentação toda, a partir da iniciativa, privada, sem apoio formal, é algo inédito”, destacou o urbanista.
 
INFRAESTRUTURA
Para o empresário Fernando Neves falta um projeto e de atuação do setor público que repense a ilha como um todo. “Não adianta reformar o porto e esquecer o resto. Atualmente, a segurança, a limpeza e a desordem urbana estão como há 10 anos, para não dizer que pioraram”, disparou.

De acordo com o secretário de Planejamento, Antônio Alexandre, o município vem investindo na revitalização. “Toda essa área da ilha está vivendo um novo momento e é natural que essa dinâmica atraia o setor privado. O poder público está participando desses investimentos para a requalificação do Bairro do Recife. Além dos atrativos, que trouxemos na área de cultura, turismo e lazer. Queremos oferecer um andar a pé acessível. Já foram identificadas quatro rotas de pedestrianismo, a exemplo dos polos do Marco Zero, Praça do Arsenal, Praça Tiradentes e a Avenida Rio Branco. E o PAC das Calçadas vai viabilizar as interações dessas áreas com a malha viária”, explicou.

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