Paisagismo Seis praças de Burle Marx podem receber títulos de patrimônios mundiais da Unesco

Por: Mariana Fabrício - Diario de Pernambuco

Publicado em: 22/03/2017 07:26 Atualizado em: 22/03/2017 08:01

Seis das 28 praças projetadas pelo arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) no Recife foram indicadas para integrar a lista de patrimônios mundiais da Unesco. Em Pernambuco, apenas o Sítio Histórico de Olinda tem esse título, conferido a 13 locais no Brasil, ao todo. A sugestão partiu do conselheiro da Unesco e arquiteto mexicano Saúl Alcántara, que defendeu a importância da inclusão para preservação das obras. Em vista ao Recife, ele participou do II Seminário Internacional Paisagem e Jardim como Patrimônio Cultural México/Brasil, realizado na UFPE, na manhã de ontem.

Foram sugeridas as praças do Derby, de Casa Forte, Euclides da Cunha (Madalena), Faria Neves (Dois Irmãos), Salgado Filho (em frente ao aeroporto), e da República, incluindo o Jardim do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio. Todas foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em junho de 2015, quando se elevaram à categoria de Jardins Históricos. Neste ano, a Delegação Permanente junto à Unesco no Brasil enviou os nomes das praças para o governo federal e ao Iphan como os monumentos sugeridas para a Convenção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, ressaltando valores universais e autenticidade comprovados.

Filho de pernambucana, Burle Marx iniciou sua obra no Recife, tendo projetado primeiramente a Praça de Casa Forte, nos anos 1930. Para Alcántara, reconhecer os espaços como patrimônio significa conservar a mensagem cultural do elemento urbano. “A obra de Burle Marx não se compreende sem levar em conta as praças construídas no Recife. Foi aqui que ele criou o conceito de jardim tropical reconhecido em todo o mundo. Caso sejam aceitas na declaratória final, essas obras serão não mais só do Recife ou do Brasil, mas pertencerão ao mundo”, comenta.

De acordo com a professora de arquitetura da UFPE e coordenadora do Laboratório da Paisagem da mesma universidade, Ana Rita Sá Carneiro, a inclusão servirá de incentivo para que praças sejam preservadas e valorizadas. “Esses espaços já são um patrimônio nacional. Acreditamos que através da educação patrimonial esses parques feitos por ele serão mais valorizados pelos próprios pernambucanos”, acredita.

No Recife, a manutenção das praças é de responsabilidade da Emlurb. Para a gerente-geral de Praças, Áreas Verdes e Parques do Recife, Élida Santos, é necessário contar com a colaboração da população para manter os projetos o mais perto do original pensado por Burle Marx.

“A população rouba flores, danifica os bancos. Nós precisamos da participação de todos. Essas praças tombadas passaram por restauração recentemente e contam com uma equipe de até três pessoas para realizar manutenção diária”, explicou a gerente-geral.

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