Riacho das Almas Funcionários públicos, aposentados e comerciantes são prejudicados por falta de bancos Nove meses depois de explosão de caixa eletrônico, município segue sem serviços bancários

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 04/12/2016 14:52 Atualizado em:

O relógio pendurado no que restou da parede marca o horário exato em que o Banco do Brasil da cidade de Riacho das Almas, no Agreste do estado, foi explodido. Eram 2h20 do dia 3 de março, quando o cofre da única agência bancária da cidade foi destruído por criminosos. Além do estrago causado no prédio do banco, algumas casas vizinhas também foram atingidas e tiveram portas e janelas quebradas com o impacto da explosão.

Nove meses já se passaram desde aquela “madrugada de terror”, segundo moradores do local. Até hoje o município, que tem pouco mais de 20 mil habitantes, segue sem os serviços do banco, que agora será convertido em posto de atendimento. Para receber salários e realizar outras movimentações financeiras, grande parte da população precisa se deslocar para Caruaru ou Bezerros. Com isso, o comércio local tem sentido uma queda em seu faturamento, já que as pessoas retornam para Riacho das Almas com a feira necessária para o mês.

Funcionários públicos, aposentados e comerciantes são os mais prejudicados pela interrupção do funcionamento do Banco do Brasil. Aos 72 anos, José Pereira da Silva Filho diz que todo mês precisa ir até Caruaru para receber sua aposentadoria. “A situação está muito difícil. Os aposentados se juntam e pegam uma Toyota para ir tirar a aposentadoria. Isso é um risco muito grande. A gente pode até ser assaltado no meio do caminho”, ressalta o morador, que também vende frutas e verduras no centro da cidade para complementar a renda familiar. O toyoteito Altair José dos Santos, 34, conta que a passagam de Riacho das Almas até Caruaru custa R$ 4. “A viagem de ida e volta para cada pessoa fica por R$ 8. Tenho levado muita gente que vai receber dinheiro e fazer compras por lá”, destaca.

Na cidade existe um terminal do Bradesco e um correspondente bancário da Caixa Econômica Federal, além dos Correios, onde algumas pessoas estão resolvendo as pendências bancárias. Apesar disso, o comerciante José Gonçalves Alcântara, 67, calcula na ponta do lápis o prejuízo em seu negócio desde a desativação da agência do Banco do Brasil. Proprietário de uma padaria há mais de 20 anos, seu Zezé, como é conhecido, estima uma redução de 40% no faturamento. “Desde que o Banco do Brasil foi explodido, a movimentação financeira aqui em Riacho diminuiu muito. As pessoas estão resolvendo tudo nas cidades vizinhas e o comércio está sentindo os efeitos disso”, lamenta o empresário.

O aposentado José Francisco da Silva, 84, reclama do tempo em que a agência tem estado fechada. “Não recebo dinheiro no Banco do Brasil, mas temos uma conta poupança. Para fazer qualquer movimentação a pessoa tem que ir aos Correios e a fila é grande. É um absurdo uma cidade como Riacho das Almas ficar sem um Banco do Brasil”, reclama.

Além de explodir o cofre do BB, na mesma madrugada o grupo criminoso que agiu em Riacho das Almas usou explosivos também em um caixa eletrônico do Bradesco. Segundo a polícia, cerca de 20 homens fortemente armados participaram dos crimes. O grupo estava em três carros. Após a ação no banco e no caixa, os suspeitos dispararam tiros para assustar os moradores e colocaram grampos em um trecho da PE-95, entre as cidades de Caruaru e Riacho das Almas. Dois carros da polícia tiveram os pneus furados na perseguição.

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