Mobilização Grupo de pernambucanos realiza primeiro encontro para discutir estupro Encontro foi realizado neste domingo, no mesmo dia em que uma idosa foi vítima do crime, mas não prestou queixa

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 26/09/2016 07:25 Atualizado em: 26/09/2016 08:11

Reunido no Jardim do Baobá, coletivo promoveu conversas e confecção de cartazes e faixas. Foto: Silvia Helena/ Reprodução Facebook
Reunido no Jardim do Baobá, coletivo promoveu conversas e confecção de cartazes e faixas. Foto: Silvia Helena/ Reprodução Facebook
Poucas horas após mais uma vítima de estupro ser socorrida em Pernambuco, um grupo de cidadãos começou, ontem, um movimento para fomentar discussões sobre a cultura do estupro e cobrar ações efetivas para garantir a punição de estupradores no estado. O caso mais recente foi de uma idosa, atendida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada para o Hospital da Mulher do Recife, no Curado, por volta das 7h de ontem.

O nome e a idade da vítima, assim como detalhes sobre o crime, foram mantidos em sigilo pelo Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência, para manter a privacidade da senhora, que deve contar com acompanhamento médico e psicológico da instituição, inaugurada em julho, pelos próximos seis meses. Até a noite de ontem, ela não havia prestado queixa na Delegacia da Mulher, decisão tomada pela maioria das vítimas. No Brasil, estima-se que apenas 35% das pessoas que sofrem crimes sexuais denunciam, de acordo com o 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Reunidos no recém-inaugurado Jardim do Baobá, nas Graças, às 9h de ontem, o coletivo promoveu conversas e confecção de cartazes e faixas. Pouco antes de encerrar as atividades, às 14h, uma das integrantes do grupo, a administradora de empresas Sílvia Helena Rangel, 33 anos, avisou a próxima ação, no sábado (1º de outubro), às 15h, no Parque de Santana, na mesma região. Batizado de Não Ao Estupro!, o movimento começou como uma proposta de roda de conversa sobre o problema.

“A gente só falava nisso e eu estou bem assustada”, admitia Sílvia Helena, expondo um dos motivos que resultou na criação do movimento. “Sabemos que os estupros sempre ocorreram em nosso país e que, a cada 11 minutos, uma mulher é vítima de estupro. Por isso, todas merecem nossa preocupação. É preciso dizer ao governo que tome providências, criando políticas públicas de combate ao estupro. As mulheres precisam se sentir seguras, capazes de saírem sem medo”, defende o grupo.

 “Ninguém está em defesa da gente”, protesta Sílvia Helena. Adepta do uso de bicicleta, acabou abandonando o hábito de pedalar. Para não ceder mais ao medo, conversando com um grupo, decidiu agir. Outra integrante do grupo, a arquiteta Sheila Manso, 33, destaca que o movimento é apartidário e envolve mulheres e homens.

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