Data marcada Levantamento revela o perfil de ação de seis crimes em Pernambuco Estudo da SDS aponta que o primeiro e o 15º dia de cada mês são os de maior probabilidade de alguém ser vítima de um crime no estado

Por: Ed Wanderley - Diario de Pernambuco

Publicado em: 13/10/2015 07:32 Atualizado em:

O primeiro e o 15ºdia de cada mês são os de maior probabilidade de alguém ser vítima de um crime em Pernambuco. A informação foi obtida a partir de levantamento realizado pela Secretaria de Defesa Social, no período de 18 meses (de janeiro de 2014 a junho de 2015) e revela comportamentos de criminosos que atuam no estado.
Um dos fatos que chamam a atenção é que há claramente mais registros de assaltos nos dias úteis, em relação aos finais de semana - a diferença entre o quantitativo registrado no domingo chega a 19% em comparação à segunda-feira. Por outro lado, crimes de homicídio e lesão corporal se intensificam justamente nos sábados e domingos, uma coincidência que pode ter relação direta com a ação de autores de múltiplos crimes.

É justamente na atuação de mesmos grupos que reside parte da justificativa do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, para o aumento dos índices de violências - que chegou a 21% mais homicídios na média mensal, quando compara-se 2015 a 2013. “É difícil enfrentar a violência quando as pessoas não permanecem presas. Muitos têm vários indiciamentos, inclusive por homicídios, e continuam livres, praticando novos crimes, porque são considerados réus primários até que suas sentenças transitem em julgado”, afirma. Exemplifica, ainda, que tem conhecimento da distribuição sistemática dos crimes e que ela faz parte das  estratégias adotadas pela polícia. “Se temos mais assaltos em Santa Cruz do Capibaribe em determinado dia, e eles ocorrem mais à noite, é ali que alocaremos policiais para tentar coibir as ações”, diz, antes de destacar o aumento de policiais de 17 mil, em 2007, para os atuais 20 mil. “O contingente ideal é quanto o orçamento consegue pagar”, defende.

Segundo o secretário, não é possível precisar o impacto que cenários como o de crise econômica nacional representa para os índices locais. “Foram 80 mil postos de trabalhos perdidos, o que, certamente, tem um impacto. Mas há mais. Os índices começaram a crescer em 2014, com a greve da Polícia Militar, que instaurou um caos local e continua desde abril desde ano, com a greve velada dos policiais civis, que chegaram a entregar os Programa de Jornada Extra de Segurança como forma de pressionar o governo por reajustes salarias”, afirma, acrescentando ainda que delegados foram deslocados de outras cidades para cobrir os que aderiram ao movimento e que o limite legal da folha de pagamentos da pasta já foi estourado - atualmente em 50,33%.

Para cada cinco mortes registradas, há pelo menos um estupro, 35 agressões físicas e 93 assaltos. Ainda assim, é o crime de homicídio que serviu de parâmetro quase exclusivo para as políticas públicas. Segundo o secretário de Segurança Urbana do Recife, Murilo Cavalcanti, o Pacto pela Vida foi importante e, sem ele, a situação já estaria fora de controle, mas precisa ser repensado. “É preciso uma mão dura e outra, social. O Pacto começou com uma filosofia muito policial e a gente sabe que, no mundo inteiro, apostar as fichas apenas na repressão qualificada não se sustenta. É preciso ser criativo para dar uma mexida e voltar a ter resultados”, afirma, ainda que preveja que a situação deva piorar. “Hoje temos um terço dos jovens de 18 a 27 anos desempregados. Não há política social que dê vencimento a isso. Não se pode esconder o aumento da violência e não tem como evitá-la sem uma política federal com participação de governos e municípios. Não há dinheiro. Por enquanto, é enxugar gelo e esse quadro (de violência) ainda vai se agravar mais”.

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