Manifestação Ciclistas protestam contra projeto que prevê derrubada de árvores para construção de ciclofaixa Obra de requalificação do Canal do Arruda prevê derrubada de cerca de 40 árvores nesta etapa

Por: Celso Ishigami - Diario de Pernambuco

Publicado em: 17/08/2015 19:51 Atualizado em: 17/08/2015 20:06

Morador da área, o analista de sistemas Maurício Paiva é contrário ao modelo do projeto da ciclofaixa. Foto: Rafael Martins/Esp DP/D.A Press
Morador da área, o analista de sistemas Maurício Paiva é contrário ao modelo do projeto da ciclofaixa. Foto: Rafael Martins/Esp DP/D.A Press

Ao tomar conhecimento de detalhes do projeto de requalificação do Canal do Arruda, integrantes da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) realizaram uma ação no local no início da noite desta segunda-feira. Apesar de defender a necessidade da construção de uma ciclofaixa que atenda à região, o grupo é contrário ao projeto, que prevê a derrubada de dezenas de árvores para a realização da obra.

Com a primeira etapa em andamento - a limpeza e dragagem de setores do canal -, a Empresa de Urbanização do Recife (URB) se prepara para dar sequência ao projeto. O próximo passo, de acordo com o cronograma, é a construção de três áreas de lazer elevadas sobre o canal. Além disso, estão previstas as construções de uma ciclofaixa de 7,4 km e uma pista de cooper de 2,5 km. Para o primeiro trecho, entretanto, a empresa prevê a derrubada de cerca de 40 árvores. E não deve parar por aí.

Este ponto, em particular, tem incomodado os integrantes da Ameciclo, que decidiram pendurar fitas vermelhas nas árvores marcadas com um “X” - o indicativo de que elas serão derrubadas em breve. “A ideia é chamar a atenção da população para estas árvores ameaçadas”, explicou o coordenador da Ameciclo, Cézar Martins. “Também mandamos confeccionar algumas faixas para esclarecer a questão para quem passa por aqui”, acrescentou.

Para a Ameciclo, o projeto começa errado em sua concepção, como ressalta Martins. “A Prefeitura continua pensando que as bicicletas devem compartilhar o mesmo espaço dos pedestres. Esta via tem seis faixas para carros. Não é possível que não dê para destinar uma delas aos ciclistas”, argumentou. “Assim, não seria necessário derrubar nenhuma árvore.”

O arquiteto Pedro Guedes, que também é membro da associação, lembra que o fato de a Avenida Beberibe ser uma das vias do Recife com o maior fluxo de bicicletas justifica a construção da ciclofaixa, mas faz uma ressalva ao modelo. “Qual a necessidade de arrancar árvores que levaram décadas para chegar a este porte para plantar outras. Acho que quem fez esse projeto nunca andou de bicicleta porque parece não saber que ela é capaz de fazer curvas”, reclamou.

Procurada pela reportagem, a URB confirmou que a derrubada de árvores faz parte do projeto, mas garantiu que após a conclusão da obra, a região estará mais arborizada.

Confira a nota na íntegra:
A Empresa de Urbanização do Recife (URB) informa que as obras de requalificação do Canal do Arruda estão em andamento. Estão em execução os serviços de limpeza do canal, com a reposição e instalação de placas de revestimento, e foi já foi realizada a dragagem do trecho que compreende a Avenida Norte até o Rio Beberibe. O próximo passo importante é a construção de três áreas de lazer elevadas sobre o canal (três praças, duas quadras esportivas). Também serão implantados: 7,4 km de ciclovias; 2,5 km de pista de cooper, quiosques, além de passeio público e passarelas para pedestres. A previsão de término das obras é para o primeiro semestre de 2016, com investimentos de aproximadamente R$ 83 milhões, devendo beneficiar 80 mil pessoas que vivem na região.

A URB esclarece que atualmente existem 700 árvores no canal e que, no final da obra, serão mais de 1.400. Será necessário retirar as árvores que estão doentes ou as inadequadas ao paisagismo urbano e que, por isso, estão quebrando calçadas e comprometendo a estrutura do equipamento público. O traçado da ciclovia está sendo feito para se adequar às árvores que serão mantidas. É importante ressaltar que a compensação ambiental na área do canal se dará por meio de plantio de árvores adultas e de mudas, conforme exigido pela Secretaria de Meio Ambiente do município. Para cada árvore retirada, será feito o replantio de outras duas (na área do canal e também nas vias do entorno).

O coordenador da Ameciclo, Cezar Martins, pendura fitas nas árvores marcadas para serem derrubadas. Foto: Rafael Martins/Esp DP/D.A Press
O coordenador da Ameciclo, Cezar Martins, pendura fitas nas árvores marcadas para serem derrubadas. Foto: Rafael Martins/Esp DP/D.A Press


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