Segurança Sinpol denuncia que funcionários públicos trabalham como policiais em delegacias

Publicado em: 03/02/2015 16:48 Atualizado em: 03/02/2015 21:40

Delegacias do interior pernambucano estariam alocando funcionários de setores administrativos de secretarias do governo para trabalharem como policiais, com direito a uso de fardamento, viaturas e armas. A constatação foi do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco, durante visita à delegacia de Agrestina, no Agreste, onde quatro servidores das secretarias de Saúde e Defesa Social entravam frequentemente nas escalas de plantão dos policiais civis. O caso será denunciado ainda nesta terça-feira (03) à Corregedoria.

Em coletiva de imprensa, a diretoria do Sinpol afirmou que os quatro servidores estavam trabalhando durante a festa de São Sebastião, realizada nos dias 1 e 2 de fevereiro, em Agrestina. Na delegacia, não havia delegado de plantão e apenas um policial fazia o serviço, auxiliado pelos funcionários administrativos. Dois deles estavam com armas, sendo um deles com o porte vencido, e uma mulher usava o fardamento oficial da PC.

Gilmar Oliveira Brainer, que era identificado na escala como agente, era concursado da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e atuava há 13 anos cedido para áreas administrativas da Secretaria de Defesa Social (SDS). Ele estava com o porto de arma vencido, foi detido em flagrante e, segundo o Sinpol, também já estaria escalado para trabalhar em Caruaru durante o carnaval como policial. Gilmar pagou fiança e foi liberado.

Na mesma noite, um homicídio teria ocorrido durante a festividade em Agrestina. “Foi preciso deslocar o delegado de Cupira para fazer o flagrante. Os servidores foram escalados por ordem da delegada Polyanne Farias de Almeida”, afirmou o presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros.

Os outros funcionários também estariam trabalhando com auxiliar de perito para o Instituto de Criminalística (IC), ajudando os peritos no manuseio de provas de local de crime. O Sinpol irá pedir à Corregedoria investigação quanto à delegada e também o delegado de plantão, por não ter classificado os outros três servidores dentro do crime de usurpação de função.

“A polícia está trabalhando no limite, com 40% do efetivo necessário. Não podemos aceitar esse tipo de postura”, afirmou Cisneiros.

Segundo ele, a demanda do estado é de 10,5 mil policiais civis, mas atualmente o estado tem 4,9 mil. Cada policial ganha um salário bruto de R$ 3,2 mil. Os funcionários públicos ganhavam diárias de R$ 54 para trabalhar nas delegacias.

"Falta policial, tem delegacias fechando. O Pacto Pela Vida está falido, queremos debater um novo programa de segurança junto ao estado", disse Cisneiros, que ainda assegurou que o sindicato irá apoiar policiais que não quiserem trabalhar no carnaval.

Até o próximo dia 25, quando haverá nova assembleia do Sinpol, o sindicato aguarda posicionamento do governo.

Procurada, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que caberia à Polícia Civil se pronunciar sobre as denúncias. A assessoria de imprensa da Polícia Civil não respondeu a solicitação do Diario



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