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OPERAÇÃO COSA NOSTRA

Justiça bloqueia R$ 2,8 milhões de bens do prefeito de Agrestina e mais réus

Publicado em: 23/07/2019 11:12 | Atualizado em: 23/07/2019 12:49

Foto: Adriano Monteiro/Prefeitura de Agrestina
A Justiça Federal de Caruaru bloqueou cerca de R$ 2,8 milhões de bens do prefeito de Agrestina, Thiago Nunes (PTB), e de outros réus por improbidade administrativa no âmbito da Operação Cosa Nostra, da Polícia Federal. De acordo com a Justiça, mesmo após a decisão, o Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão pois entende que o valor para bloqueio deveria ser de aproximadamente R$ 7 milhões ao invés dos R$ 2.850.997,46 já bloqueados pela Justiça. 

De acordo com procuradores, após as buscas e apreensões realizadas em fevereiro de 2017, há indícios de fraudes em licitação no município agrestino por parte de empresas que apresentaram relações entre si e que têm participado conjuntamente de processos licitatórios, inclusive na modalidade de convites, em diversos municípios de Pernambuco, dentre os quais o de Agrestina.

Investigadores apontam para a ocorrência de favorecimento a determinado cartel de empresas compostas de “sócios-laranjas” que, de forma reiterada, teriam sido vencedoras em licitações, especialmente nas áreas de saúde e educação. 

Segundo o MPF, servidores em exercício e ex-servidores da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Agrestina seriam do grupo empresarial, sem descuidar da participação do prefeito Thiago Nunes em supostas fraudes. 

Relembre a Operação Cosa Nostra

A operação da Polícia Federal apurou que o esquema criminoso, capitaneado pelo Secretário de Articulação Política, de nome não informado, abrange inúmeros municípios além de Agrestina. O integrante do primeiro escalão político é sócio da empresa que possui contratos de grande montante com vários municípios pernambucanos, totalizando quase R$ 80 milhões. 

Ainda, segundo investigadores, após a eleição para prefeito em 2012, quando o prefeito Thiago Nunes foi eleito pela primeira vez, o Secretário de Agrestina teria atuado de forma a estruturar algumas empresas para serem posteriormente contratadas pela prefeitura. 

Segundo o sistema Tome Conta, do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), as cidades de Panelas, Jurema, Água Preta, Lagoa Dos Gatos, Bom Conselho, Jupi, lati, Riacho Das Almas e Angelim também podem estar envolvidas. 
Em todas as licitações analisadas na investigação, de acordo com a Justiça, houve empresas vinculadas e administradas pelo secretário. Segundo investigadores, isso caracterizaria fraude no âmbito da concorrência do certame. 

Em exame das movimentações financeiras dos investigados, foram descobertos pagamentos de valores entre os sócios das empresas contratadas, entre as próprias empresas e também ao prefeito de Agrestina, Thiago Nunes, fatos que, a princípio, indicam supostos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro. 

Segundo a Polícia Federal, na Operação ainda foram notórios outros indícios de lavagem de dinheiro por meio de aquisições de veículos de luxo para pagamentos de vantagens aos prefeitos das cidades onde possuem contratos, maquiando tais pagamentos através de locações de veículos. 
Participaram da operação, à época, seis servidores da CGU no cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão.  

Suspeitas na saúde

Em outro caso, em abril deste ano, a Polícia Federal prendeu a secretária de Saúde de Agrestina, Célia Barbosa, por suspeitas de desvios em compras medicamentos. Também havia sido presa uma gerente de uma farmácia ligada à Prefeitura da cidade. 

Foram apreendidos, na ocasião, documentos e medicações guardadas de forma irregular, inclusive em banheiros da farmácia. Os produtos do estabelecimento eram fornecidos aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade.

A secretária Maria Célia foi nomeada em abril para o cargo pelo prefeito Thiago Nunes, suspeito na Operação Cosa Nostra, após o ex-titular da pasta, Manassés Soares Leite, ter sido alvo de outra operação policial. Ele é suspeito de integrar uma associação criminosa especializada em fraudes na construção de unidades de saúde por empresas de fachadas.
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