Opinião Valéria Barbalho: Caruaru Antiga e o Memorial da Saudade "Saudade é a vontade de ver de novo. Como rever o que não mais existe, a não ser em nossa memória?"

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/05/2016 06:52 Atualizado em:

Por Valéria Barbalho
Escritora

No dia 1º de março de 2016, o Instituto Histórico de Caruaru (IHC) completou oito anos. Não houve festa, apenas uma reunião onde se comemorou a data e a nova diretoria para o biênio 2016/2018 tomou posse. Convidada para o evento, levei um documento de presente para o acervo do IHC: cerca de cem recortes de crônicas que meu pai, Nelson Barbalho, publicou entre jan/88 e dez/90, no jornal Vanguarda, numa coluna chamada “Memorial da Saudade”.
 
Para os que não conheceram tal coluna, segue um texto de “Sêo” Nelson sobre o porquê escreveu as referidas crônicas: “Saudade é a vontade de ver de novo. Como rever o que não mais existe, a não ser em nossa memória? Solução parcial para a questão vem fornecendo magnanimamente o Professor Mário Menezes (FAFICA), através dos álbuns fotográficos publicados sob o título “Caruaru Antiga”. Oxalá o empreendimento não fique apenas nos dois volumes já entregues ao público. A série “Caruaru Antiga”, merece vida longa, principalmente porque o material para fazê-la é abundante e de primeira ordem. O que há nos arquivos públicos e particulares é coisa para fábula, fotos raríssimas de uma Caruaru já desaparecida na voragem do tempo. Não é possível que tudo isso fique eternamente sepulto no arquivo do esquecimento (...) Uma boa fotografia vale mais do que mil palavras, disse Mário Menezes. É isso mesmo: nenhum escritor, por melhor que saiba exercer o seu oficio, tem o poder de convencimento de uma foto bem revelada. A fotografia diz muito mais do que o escrito. Conjugados, fotos e texto tornam a coisa perfeita, se é que existe perfeição nesse velho mundo de Deus. Daí a necessidade de texto explicativo. Fotos antigas, somente, não fazem história”

Com essa introdução, semanalmente durante quase três anos, o Memorial foi publicado. Tirei cópia de tudo, encadernei e levei para o Instituto. Todos os presentes à reunião folhearem esse   “livrinho”. Resultado, a turma do IHC decidiu republicar os textos e as fotos. Tomara que a ideia siga adiante. Vamos torcer para que algum órgão público ou entidade privada ajude o IHC nessa empreitada. Um livro com as fotografias do “Caruaru Antiga”, de Mario Menezes, comentadas por Nelson Barbalho no seu “Memorial da Saudade”, vai dar o que falar! 


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