Votação
"Separar manifestantes não é uma boa ideia", diz ministro da Justiça
Eugênio Aragão critica divisão de espaço em frente ao Congresso Nacional e surpreende o governador Rodrigo Rollemberg
Por: Correio Braziliense
Publicado em: 15/04/2016 07:53 Atualizado em:
Local é usado de forma democrática nos últimos 20 anos. Foto: Ed Alves/CB/D.A. Press |
A polêmica barreira de um quilômetro de extensão que divide a Esplanada dos Ministérios ao meio desde o fim de semana gerou reações do ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Ontem, durante a abertura do 2º Seminário Internacional sobre Estado de Direito e Proteção de Dados do Consumidor, ele considerou que o país vive um momento de alto risco, mas criticou a decisão de se instalar os alambrados. “Esse método de separar os manifestantes em dois grupos não é uma boa ideia porque as pessoas estarão muito próximas. Parece que a opção foi atender à vontade do presidente da Câmara (Eduardo Cunha, PMDB-RJ), que está querendo fazer um circo. Estamos vivendo um momento de alto risco, mas a segurança pública pertence ao GDF e nós respeitamos a sua prerrogativa e seu projeto”, ressaltou.
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Durante os quase 56 anos da cidade, esta será a primeira vez que participantes de manifestações políticas serão separados por muro por questões de segurança. Tudo em razão do acirramento gerado entre grupos pró e contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Há 23 anos, em 29 de setembro de 1992, cerca de 100 mil pessoas comemoraram no gramado da Esplanada dos Ministérios a votação que abriu o processo de afastamento do então presidente da República, Fernando Collor de Mello. Caravanas de todo o Brasil vieram a Brasília para se juntarem ao movimento de estudantes, que ficou conhecido com caras-pintadas. Na ocasião, todos os presentes defendiam o mesmo posicionamento político e não foram registradas ocorrências graves.
Em 1º de janeiro de 2003, em uma celebração popular inédita em uma posse presidencial, uma multidão de 130 mil pessoas tomou a Esplanada para acompanhar a subida de Luiz Inácio Lula da Silva na rampa do Palácio do Planalto. A euforia do público e as quebras de protocolo marcaram o evento. Em um descuido da segurança, um professor de matemática de Jupitiba (SP) furou o bloqueio policial e abraçou o petista, que desfilava no Rolls Royce presidencial.
Marcha
Dez anos depois, uma onda de protestos tomou todo o país. Na capital, em 17 de junho de 2013, a imagem de centenas de pessoas sentadas na rampa e na plataforma superior do Congresso Nacional entrou para a história. Mobilizados pelas redes sociais e sem vínculos político-partidários, 10 mil pessoas presenciaram um dos momentos mais simbólicos da história recente da política brasileira. O grupo marchava pelo Eixo Monumental quando se dividiu para confundir os homens da PM. Parte correu para o gramado em frente ao espelho d’água do Congresso. A outra, aproveitando a brecha na segurança, subiu no teto de mármore.
Desde então, os protestos se tornaram rotina na Esplanada. Para o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília (UnB) e primeiro superintendente do Iphan no Distrito Federal, Cláudio Villar de Queiroz, o muro é uma questão efêmera, mas que não demonstra democracia. “Brasília é a cidade capital, com a Praça dos Três Poderes, onde, normalmente, os homens discutiriam crenças e conflitos que se resolvem pela discussão. No meu ponto de vista, infelizmente, as pessoas não vão assistir a uma demonstração de democracia. O próprio muro separa o espaço ao meio”, avaliou.
Na tarde de ontem, a secretária de Segurança Pública do DF, Márcia de Alencar Araújo, se reuniu com deputados federais e distritais na Câmara Legislativa e defendeu o bloqueio. “Não foi Brasília e nem o governo de Brasília que criou essa disputa. Não foi Brasília e nem o governo de Brasília que dividiu o Brasil. Não é Brasília e nem o governo de Brasília que vai poder decidir sobre o destino da realidade política. São os nossos 513 deputados”, afirmou.
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