UFPE Amostragem revela que 88% dos celulares de profissionais de saúde têm bactérias causadoras de infecção O estudo revelou que os celulares, em quase sua totalidade, estavam colonizados por flora permanente da pele dos especialistas de saúde

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/07/2017 21:02 Atualizado em:

A infecção associada à assistência hospitalar é a mais crescente no mundo, assim como a mortalidade relacionada à mesma. Uma pesquisa realizada por um estudante de mestrado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) sugere que um dos aparelhos que mais contribuem para essa disseminação de bactérias potencialmente causadoras de infecção dentro dos hospitais é o telefone celular, principalmente dos profissionais de saúde.

A dissertação de mestrado "Avaliação microbiológica dos aparelhos celulares dentro do bloco cirúrgico: Avaliação em um hospital beneficente de Pernambuco", apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Cirurgia da UFPE e realizada pelo médico Cristiano Bernardo Carneiro da Cunha, verificou que 88% dos telefones celulares dos especialistas da área de saúde que trabalham em bloco cirúrgico observado servem de verdadeiros reservatórios de patógenos. 

Para a realização da pesquisa, foram colhidas amostras de 50 aparelhos celulares de profissionais de saúde do bloco cirúrgico de um hospital beneficente do Recife para avaliar o grau de contaminação, entre eles cirurgiões, anestesistas, perfusionistas, enfermeiros, e instrumentadores. O método consistiu em colher swabs umedecidos, que é um instrumento similar a uma haste flexível que serve para coletar amostras clínicas e logo após encubar. Suas leituras foram realizadas em 24 horas e 48 horas e os resultados foram separados de acordo com cada especialidade.

O trabalho foi orientado pelo professor Fernando Ribeiro de Moraes Neto, titular da cadeira de Cirurgia Torácica da UFPE, e coorientada pela professora Verônica Monteiro, responsável pelo Serviço de Cardiologia do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).

O estudo revelou que os celulares, em quase sua totalidade, estavam colonizados por flora permanente da pele dos especialistas de saúde, principais causadores de infecção de sítio cirúrgico. "Para os microbiologistas, a combinação do manuseio constante associado ao calor gerado pelos telefones cria um caldo de cultura ideal para muitos microrganismos que são normalmente encontrados na pele", explica o cirurgião cardiovascular Cristiano Carneiro da Cunha. Ele acrescenta que a bactéria mais comum encontrada foi o Staphylococcus coagulase-negativa, seguida do Bacillus subtillis e Micrococcus.

De acordo com o pesquisador, diversas orientações são dadas em relação à limpeza das mãos, à descontaminação de superfícies e à limpeza de instrumentos utilizados na prática clínica. No entanto, existe pouca orientação quanto ao uso seguro de telefones celulares dentro de ambientes de saúde. "Programas de prevenção e controle de infecção precisam estar ativamente envolvidos na prestação de cuidados de saúde, oferecendo orientação e educação em como reduzir o risco de contaminação bacteriana de seus aparelhos", defende. 

Custo

Os índices de infecção hospitalar (IH) seguem altos no Brasil, chegando a cerca de 15,5%. Após uma cirurgia, muitos pacientes apresentam complicações que afetam os resultados, aumentando a morbimortalidade, ou seja, o índice de pessoas mortas em decorrência de uma doença específica, e sobrecarregando o sistema de saúde devido ao aumento no tempo de permanência no hospital e os custos do tratamento dos clientes que são três vezes maiores que o custo dos que não possuem infecção. Para o pesquisador Cláudio, a IH é um evento histórico e social, não apenas biológico, que precisa de investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a incorporação de medidas de prevenção e controle. 



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