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Planetário Estudo observa algo inédito em dois buracos negros: um orbita o outro Os buracos negros estudados estão entre os maiores objetos celestes do tipo já encontrados

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 28/06/2017 10:09 Atualizado em: 28/06/2017 10:13

Simulação dos buracos negros gravitando próximos: um orbita o outro há 30 mil anos. Foto: Josh Valenzuela/UNM/Divulgação
Simulação dos buracos negros gravitando próximos: um orbita o outro há 30 mil anos. Foto: Josh Valenzuela/UNM/Divulgação
A aproximadamente 750 milhões de anos-luz da Terra, há uma gigantesca e abaulada galáxia, com dois supermassivos buracos negros no centro. Eles estão entre os maiores objetos celestes do tipo já encontrados, com massa combinada 15 bilhões de vezes maior que a do Sol. Uma nova pesquisa da Universidade de Stanford publicada no Astrophysical Journal usou observações de longo prazo para mostrar algo inédito: aparentemente, um orbita o outro. 
 
Esse também foi o menor registro de movimento de um objeto pelo céu, também conhecido como movimento angular. “É algo como um caracol se movendo a 1cm por segundo na órbita do planeta recém-descoberto Proxima Centauri. É esse o tipo de movimento angular que estamos lidando aqui”, comparou Roger W. Romani, professor de física em Stanford e coautor do artigo.

Deslocamento
De acordo com ele, os ganhos técnicos dessa medida são, sozinhos, motivo de celebração. Mas os pesquisadores também esperam que a descoberta ofereça ideias sobre como os buracos negros se deslocam e de que forma esses deslocamentos afetam a evolução das galáxias que orbitam. 

Ao longo de 12 anos, cientistas liderados por Greg Taylor, professor de física e astronomia na Universidade do Novo México, têm tirado fotos da galáxia 0402+379, que contém os dois buracos negros, com um sistema de 10 radiotelescópios que vão das Ilhas Virgens norte-americanas ao Alasca. Ela foi descoberta em 1995. Em 2006, pesquisadores confirmaram a existência do sistema binário de buracos negros supermassivos com uma configuração diferenciada.

“Os buracos negros estão separados por sete parsecs (cada parsec é 3,26 anos-luz), o que é o mais próximo que dois buracos negros supermassivos já foram flagrados”, diz Karishma Bansal, estudante de graduação do laboratório de Taylo e principal autora do estudo.

Com esse artigo, a equipe reporta que um dos objetos se moveu a uma taxa de apenas 1 microarcsegundo por ano, um ângulo cerca de 1 bilhão de vezes menor do que a mais ínfima coisa visível a olho nu. Baseado nesse movimento, os pesquisadores hipotetizaram que um deve estar orbitando o outro há pelo menos 30 mil anos.

Embora essa seja a primeira medição direta do movimento orbital dos buracos negros, outros sistemas binários do tipo já foram encontrados. Contudo, os pesquisadores acreditam que os objetos da 0402 379 são especiais. “Minha esperança é de que essa descoberta inspire as pessoas a procurarem outros sistemas que estejam ainda mais próximos e, assim, façam sua movimentação em uma escala de tempo mais humana”, diz Romani. “Eu ficaria feliz se encontrássemos um sistema que completa uma órbita dentro de poucas décadas, de forma que poderíamos realmente ver os detalhes das trajetórias dos buracos negros”, completa.


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