CIÊNCIA
Estudo associa morte de crianças na Índia com consumo de lichias
A descoberta apontou que a fruta contém uma toxina que inibe a capacidade do corpo de sintetizar a glicose
Por: Correio Braziliense
Publicado em: 02/02/2017 16:55 Atualizado em: 02/02/2017 17:02
As indicações mais concretas da relação entre a lichia e a doença vieram em 2015. Foto: Zuleika de Souza/CB/D. A Press |
A descoberta aponta que a fruta contém altas doses de hipoglicina, uma toxina que inibe a capacidade do corpo de sintetizar a glicose. Depois que coletaram o material genético de 300 crianças afetadas, os médicos descobriram algo em comum. Muitas delas tinham um nível baixo de açúcar no sangue e por isso tinham o dobro de chance de morrer. "Uma das coisas que ouvimos várias vezes das mães era que as crianças não jantavam direito", disse ao jornal americano The New York Times a pesquisadora Srikantiah. A hipoglicina, combinada com os estômagos vazios, era a responsável, então, pelas mortes.
A doença causa encefalopatia, uma inflamação no cérebro. Os relatos apontam que as crianças acordavam cedo, com um choro alto e agudo, e depois tinham convulsões. Em cerca de 40% dos casos, a condição misteriosa levou à morte. Na época da colheita das lichias, os surtos da doença começavam no meio de maio e paravam repentinamente até julho, quando começam as chuvas.
As indicações mais concretas da relação entre a lichia e a doença vieram em 2015. Os pesquisadores recomendaram aos habitantes da região de Muzaffarpar que alimentassem bem as crianças antes de dormir e restringissem o consumo da fruta. Em seguida, os casos diminuíram de centenas para menos de 50 por ano.
As investigações começaram em 1995. Inicialmente, os médicos não conseguiram determinar se a doença era causada por uma infecção. Depois, descobriram que as vítimas não tinham febre ou número elevado de glóbulos brancos, as células que protegem o corpo e indicam infecções.
O estudo, feito por cientistas americanos e indianos, foi publicado no jornal médico britânico The Lancet Global Health na última segunda-feira (31/1).
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