Plantão Médico Trabalhar em regime de plantão pode causar doenças cardíacas Profissionais que trabalham em regime de plantão correm mais risco de sofrer complicações cardíacas, alerta estudo de universidade alemã.

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 03/12/2016 18:13 Atualizado em:

Profissionais da área de saúde e segurança são alguns dos que cumprem turnos de 24 horas de trabalho, uma jornada dura e que pode prejudicar a saúde, principalmente a do coração. É o que mostram pesquisadores da Alemanha em um estudo divulgado ontem, na reunião anual da Sociedade Americana de Radiologia. Ao analisar um grupo de pessoas antes e depois de elas realizarem expedientes do tipo, os investigadores concluíram que ficar acordado por tanto tempo causa alterações em hormônios e aumento da pressão arterial, condições de risco para complicações cardíacas.

"Com base em estudos anteriores, sabemos que a privação do sono está associada à elevação da ativação simpática, o que significa um aumento da secreção do hormônio do estresse, o cortisol, e da pressão arterial. Decidimos realizar um estudo baseado em ressonância magnética cardíaca a fim de investigar os efeitos da privação do sono no contexto do turno 24 horas, algo que ainda não havia sido feito", detalha Daniel Kuetting, um dos autores e pesquisador do Departamento de Radiologia Diagnóstica e Intervencionista da Universidade de Bonn, na Alemanha.

Para o experimento, os cientistas recrutaram 20 radiologistas saudáveis, 19 homens e uma mulher, com 30 anos de idade em média. Cada um dos participantes foi submetido a ressonância magnética cardiovascular antes e depois de cumprir um turno de trabalho de 24 horas, com em média de três horas de sono. Os pesquisadores também coletaram amostras de sangue e urina e mediram a pressão arterial e a frequência cardíaca dos participantes.

Os resultados acusaram alterações consideráveis no sistema cardíaco. "Pela primeira vez, temos demonstrado que a privação de sono de curto prazo no contexto de turnos de 24 horas pode levar a um aumento significativo nas funções do corão, como a pressão arterial e frequência cardíaca", destaca Kuetting. Os participantes também apresentaram aumentos consideráveis nos níveis de hormônio estimulante da tireoide (TSH), hormônios tireoidianos FT3 e FT4 e do cortisol, que contribuem para o aumento da pressão arterial.

Para os investigadores, esses dados ajudam a entender melhor os danos que a privação de sono provoca no organismo humano e ressaltam que os resultados são transferíveis para outras profissões em que há a prática de períodos longos de trabalho ininterrupto. "Sabemos que a privação crônica do sono pode levar à hipertensão e aumentar a morbidade cardíaca global. Os resultados do presente estudo podem ajudar a entender melhor como a carga de trabalho e a duração do sono afetam a saúde pública", frisa Kuetting.



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