Saúde do sono
Especialistas alertam sobre o efeito devastador de práticas como adiar a hora de dormir para ver o celular
Ao grudar os olhos nos aparelhos eletrônicos, a pessoa contribui para reduzir a produção da melatonina, ou seja, demora mais a adormecer e interfere na qualidade das horas dormidas
Por: Alice de Souza - Diario de Pernambuco
Publicado em: 09/11/2015 17:13 Atualizado em: 09/11/2015 18:40
Foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press |
Durante anos, foi considerado inofensivo por Jônatas, mas rejeitar os sinais do corpo significou um prejuízo permanente ao sono. Mesmo quando quer, não consegue fechar os olhos antes de a madrugada chegar. “Durmo em média seis horas, mas tenho dificuldades e acordo ao longo da noite. Na maioria das vezes, o sono só vem quando estou nas últimas”, conta Jônatas.
Adiar o início do sono para responder só mais uma mensagem no celular ou apenas um email no computador é uma prática cada vez mais comum, mas com impacto direto na saúde e qualidade de vida. “A luz natural varia do tom mais frio ao mais quente, retornando ao frio no fim do dia. A iluminação artificial, aquela de tablets, celulares e televisores, carece do mesmo potencial e usa uma gama de cores que suprime a produção de melatonina”, explica o psiquiatra da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Leandro Pizutti.
A melatonina é o hormônio responsável por controlar o relógio biológico, explicando ao corpo quando é dia e noite. A fabricação dela pelo organismo depende de algo simples: a ausência de luz. Ao grudar os olhos nos aparelhos eletrônicos enquanto se prepara para dormir, a pessoa contribui para reduzir a produção da melatonina, ou seja, demora mais a adormecer e interfere na qualidade das horas dormidas.
O celular do mestre em engenharia agrícola Diego Huggins, 26, fica ao lado da cama à noite. Ao acordar, Diego usa primeiro o aparelho ao invés de levantar da cama e até mesmo escovar os dentes. “Não tenho problemas para dormir, mas percebo que demoro um pouco mais a entrar no estágio pesado do sono.”
A privação do sono é associada também a alterações de atenção, humor, memória, desempenho de atividades e até ao favorecimento de doenças como obesidade, hipertensão e câncer. O sono fragmentado dá sonolência diurna e potencializa as chances de erro. “Dormindo, aumentamos em 60% o espaço no organismo dedicado a varrer as toxinas cerebrais”, ressalta a vice-coordenadora do Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Regina Margis.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL
MAIS LIDAS
ÚLTIMAS