RJ abre seu primeiro hospital de campanha com 30 dos 200 leitos previstos
Por: FolhaPress
Publicado em: 25/04/2020 18:08
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Carl de Souza/AFP |
Essas vagas ainda não suprirão nem 5% da demanda da capital, que até esta sexta (24) acumulava uma fila de 220 pessoas com suspeita ou confirmação da doença aguardando para serem transferidas para leitos de cuidados intensivos na rede pública, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.
São pacientes que estão apenas estabilizados, em condições inadequadas, muitas vezes sem isolamento e acesso a exames ou respiradores, e atendidos por profissionais que reutilizam equipamentos de proteção como máscaras e macacões.
As taxas de ocupação de leitos que vêm sendo divulgadas pela prefeitura e pelo estado do Rio, sempre abaixo de 100%, não refletem a realidade atual de lotações e filas, porque consideram reservas técnicas das unidades, para pessoas já internadas que podem piorar. Na prática, pacientes têm esperado horas e até dias por transferências no SUS.
Nesta sexta, o governo fluminense admitiu que o único hospital da rede estadual que ainda não está cheio é o Hospital Regional Zilda Arns, em Volta Redonda, a 1h30 da capital –com 56% de ocupação na enfermaria e 51% na UTI naquela data.
Vagas só são abertas nos outros locais quando alguém recebe alta ou morre. Havia ao todo 773 pessoas com suspeita ou confirmação do vírus internadas na cidade na rede pública na última sexta, sendo 261 em UTI.
O hospital de campanha do Leblon, ao lado de um batalhão da Polícia Militar, é a primeira das dez unidades temporárias que o estado vai abrir de forma gradativa em maio (somando 1.010 leitos de enfermaria e 990 de UTI). A próxima a ser inaugurada deverá ser a do estádio do Maracanã (zona norte), nos primeiros dias do próximo mês.
Inicialmente, todos estavam previstos para abril, mas depois foram postergados para maio. O do Leblon foi antecipado em uma semana diante da demanda crescente –o RJ registrou 6.282 casos e 570 óbitos confirmados por coronavírus até esta sexta, atrás apenas de SP em números absolutos.
O hospital terá tomografia digital, radiologia, aparelhos de ultrassom e ecocardiograma e laboratório de patologia clínica. Foi construído e será operado pela Rede D'Or, com recursos também da Bradesco Seguros, Lojas Americanas, Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e Banco Safra. O valor total é de R$ 45 milhões.
"Metade dos profissionais de saúde que atuarão no hospital são da Rede D'Or, mas também estamos contratando profissionais. Junto à contratação de profissionais e apoio, higiene e segurança, ultrapassamos a geração de mil empregos", disse em nota o diretor do hospital de campanha, Werner Scheinpflug.
O hospital de campanha da Prefeitura do Rio, no Riocentro, na Barra da Tijuca, teve suas obras concluídas no último domingo (19), mas só deve começar a funcionar e receber pacientes com Covid-19 na próxima sexta (1º). Isso porque ainda não há equipamentos e funcionários suficientes para operar os 500 leitos previstos.
A RioSaúde, empresa municipal responsável pela gestão do local, está oferecendo 2.000 vagas temporárias a profissionais da saúde, sendo 463 para médicos, dentro de um processo de contratação para o combate à epidemia que soma 5.000 vagas.
Diante da situação de desespero, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) agora está conversando com prefeitos de outras cidades e até governadores de estados menos impactados para levar médicos ao Rio, custeando sua estadia em hotéis. Também publicou nesta semana um edital para contratar mil leitos de UTI na rede privada.
"Um voo da Vale vai trazer da China na semana que vem 200 respiradores e 40 monitores. E em mais voos que a prefeitura está tratando deverão chegar mais 300 respiradores, 70 carrinhos de anestesia, 400 monitores e um milhão de EPIs, entre máscaras e outros itens de proteção para os profissionais dos nossos hospitais", afirmou Crivella.
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